O escritor jamaicano Marlon James venceu o Man Booker Prize 2015 com A Brief History of Seven Killings, o seu terceiro romance. É a primeira vez que um autor jamaicano vence o prestigiado prémio literário.

Foi o historiador e apresentador britânico Michael Wood que anunciou, esta terça-feira à noite, o vencedor do galardão no palco da Escola de Música de Guildhall, em Londres. Entre os finalistas estavam também Hanya Yanagihara, Anne Tyler, Tom McCarthy, Chigozie Obioma e Sunjeev Sahota. Mas foi a história de Marlon James, sobre as lutas contra os traficantes de droga jamaicanos, que conquistou o júri. As quase 700 páginas não são meigas na linguagem, nem nas descrições de violência.

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“Pode ser [um livro] controverso, mas só se retirarem do contexto os palavrões, as drogas e assim”, disse Michael Wood, que presidiu ao júri.

Em entrevista ao The New York Times, quando o livro foi lançado, Marlon James explicou: “Esta foi a primeira ideia que tive, ainda antes de lançar os outros dois romances. Sempre quis escrever sobre a Jamaica onde cresci”. No mesmo jornal, a crítica literária Michiko Kakutabi descreveu da seguinte forma A Brief History of Seven Killings:

“É como o remake que Tarantino fez do filme ‘The Harder They Come’, mas com banda sonora de Bob Marley e um guião de Oliver Stone e William Faulkner.”

Pergunta: Como lida com o medo da escrita?
Marlon James: O crítico dentro de mim não gosta de acordar cedo, por isso eu acordo antes dele.

Nenhum dos três romances do autor foi até agora publicado em Portugal. Marlon James, de 44 anos, sucede ao australiano Richard Flanagan, vencedor em 2014 com o livro A Senda Estreita Para o Norte Profundo. Publicado em Portugal pela Relógio d’Água, a história centra-se nas experiências do cirurgião Dorrigo Evans num campo de prisioneiros japonês no mortífero caminho-de-ferro entre a Tailândia e a Birmânia, construído durante a II Guerra Mundial.

O Booker Prize foi criado em 1968 e durante mais de quatro décadas premiou anualmente o melhor romance escrito em língua inglesa. Mas com algumas restrições. Os escritores a concurso tinham de ter nacionalidade britânica, irlandesa ou ser originários do Zimbabwe ou de um dos estados-membros da Commonwealth, como é o caso da Jamaica.

Em 2014 tudo mudou. Pela primeira vez, este passou a estar disponível a qualquer escritor que escreva em inglês e tenha publicado a sua obra no Reino Unido. Isto significa que se encontra finalmente acessível a autores norte-americanos. O objetivo é, nas palavras dos próprios organizadores, “reconhecer, celebrar e abraçar” todos os autores de língua inglesa independentemente do seu país de origem, “desde Chicago” até “Xangai”.

Para além do prestígio, o vencedor leva para casa 50 mil libras, cerca de 67 mil euros, à taxa de conversão atual.

Já este ano, o moçambicano Mia Couto foi finalista do Man Booker International Prize, complemento do Man Booker Prize que é atribuído desde 2005, a cada dois anos, a um autor de ficção vivo de qualquer nacionalidade, com obra publicada em língua inglesa. O prémio distingue a carreira, e não um livro específico.