790kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Glossário: um muçulmano é um árabe? Não

Este artigo tem mais de 5 anos

Um árabe não é um muçulmano, islâmico não é o mesmo que um islamita, nem um jihadista. Entenda onde é que estes termos se afastam e aproximam.

i

Flaticon/ Milton Cappelletti

Flaticon/ Milton Cappelletti

Os atentados terroristas que mataram 129 pessoas em França reacenderam a discussão sobre as relações entre o Ocidente e o mundo árabe. É dele que chegam palavras que são facilmente confundidas: porque um árabe não é necessariamente um muçulmano e dizer “islâmico” não é o mesmo que dizer “islâmica”. Eis as diferenças entre estes e outros termos.

O mundo árabe

Por norma, quando utilizamos a palavra “árabe” não fazemos a diferenciação entre a origem geográfica e a origem linguística do termo. O que acontece é que chamamos árabes a todos os que residem num dos 10 países da Península Arábica e aos países onde, embora não estejam inseridos nesse território, a maioria da população fala árabe. Em suma, são 21 países que têm maioria muçulmana. Em conjunto com o Estado Palestino compõem a Liga Árabe.

O termo “árabe” não tem caráter religioso, mas sim cultural: refere-se a todos os que partilham algum costume ou ritual relacionado com o idioma árabe, que nasceu na Península Arábica. O árabe é o idioma oficial dos países que compõem essa península, assim como de mais alguns países de maioria muçulmana, mas não todos. É também a língua oficial do Islamismo, a religião que se rege pelo Corão.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Árabes da península da Arábia

Aqui existem sete países – Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã, Qatar e Iémen -, todos geograficamente incluídos na península da Arábia e tendo o árabe como língua oficial. Todos eles são também países muçulmanos.

Árabes que não pertencem à península da Arábia

Há mais 14 países em que o árabe é a principal língua oficial e ficam fora da península arábica: Mauritânia, Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, Sudão, Djibouti, Somália, Jordânia, Líbano, Síria e Iraque, para além da Autoridade Palestiniana. Nem todos os que nasceram ou vivem nesses países podem ser considerados árabes – há, por exemplo, importantes comunidades berberes em Marrocos e na Argélia, aguerridas minorias curdas na Síria e no Iraque, para além dos drusos do Líbano e da Síria. Também não são todos muçulmanos, podendo existir importantes comunidades cristãs (como os coptas no Egito ou os maronitas no Líbano), ou ainda influentes elites judaicas (caso de Marrocos). Por fim há também uma importante minoria árabe que vive em Israel.

Países muçulmanos que não são árabes 

Os países de maioria muçulmana não-árabes são em maior número que os árabes e, sobretudo, são muito maiores em população. Espalham-se pela África sub-sariana, pela Europa (Albânia e Bósnia-Herzegovina), pela antiga União Soviética e pela Ásia, onde se localizam os três países muçulmanos com mais população: a Indonésia, o Bangladesh e o Paquistão. 

Países com minoria muçulmana considerável

Assume-se que os países com minoria muçulmana considerável são aqueles em que mais de 20% da população é muçulmana. Apesar de a população muçulmana na Índia ser inferior em percentagem a esse valor, este país está incluído na lista porque tem quase 175 milhões de muçulmanos (segundo os dados de 2004 da CIA World Fact Book), o que faria dele o segundo país muçulmano mais populoso do mundo, logo a seguir à Indonésia.

O mundo muçulmano

Muçulmano é todo aquele que se rege pelo Islamismo, a religião cujo profeta é Maomé e tem como livro sagrado o Corão. A palavra muçulmano deriva do termo árabe “aslama”, que significa “submetido a Deus”. O muçulmano está para o Islamismo como o cristão está para o Cristianismo.

Quem é Maomé?

Mostrar Esconder

Maomé é o profeta mais importante do Islamismo. De acordo com os muçulmanos, este foi o último profeta de Deus (ou Alá) e um dos seres mais abençoados da História. Terá recebido revelações do arcanjo Gabriel e pregado os ensinamentos de Alá.

E assim como este último está dividido por vários ramos (católicos, protestantes, ortodoxos), também os muçulmanos podem pertencer a uma vertente específica do Islamismo, dividindo-se em dois grandes ramos, os sunitas e os xiitas. Dentro destes ramos existem ainda outras variantes mais específicas e localizadas.

Ser muçulmano e ser árabe não é pois sinónimo. Dentro dos países árabes há quem não siga o Islamismo e, portanto, não seja muçulmano. Há, por exemplo, árabes cristãos: no Líbano chamam-se maronitas e no Egito coptas ortodoxos.

Em África, os países muçulmanos não árabes – e com costumes tipicamente africanos – são 18: Benin, Burkina Faso, Camarões, Chade, Costa de Marfim, Gabão, Gâmbia, Guiné-Bissau, Mali, Moçambique, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa, Somália, Sudão, Togo e Uganda. Alguns destes países têm constituições laicas, mas neles os residentes muçulmanos têm uma voz muito ativa.

O que é um Estado laico?

Mostrar Esconder

Nos estados laicos, assume-se que todos os cidadãos podem expressar livremente a sua fé e praticá-la sem sofrer qualquer tipo de discriminação. Portugal é um Estado laico, apesar de 85% da população se assumir católica.

Mesmo dentro dos países árabes, nem todos são muçulmanos: os berberes e os curdos são dois exemplos. Os berberes são maioritariamente muçulmanos mas não se assumem como tal e designam-se de “imazighen”, que significa “homem livre”. Por sua vez, os curdos, com origem no Curdistão, região que inclui territórios do Iraque, Irão, Síria, Turquia, Geórgia e Arménia, a maioria é sunita e 1/3 da população yazdanita, religião monoteísta praticada sobretudo antes da islamização na Idade Média. 

Muçulmanos na Europa

O país europeu (se assim o podemos designar) com maior percentagem populacional muçulmana é a Turquia: dos quase 75 milhões de habitantes, 99% segue o Islamismo. Ainda assim, este país declarou-se oficialmente laico. Mas é nos Balcãs que estão os restantes países muçulmanos da Europa: na Albânia, no Kosovo e na Bósnia-Herzegovina, cerca de metade da população é muçulmana e a outra metade é cristã.

O mundo islâmico… ou islamita?

É importante desde já esclarecer um aspeto: os termos “islâmico” e “islamita” não significam o mesmo. Diz-se “islâmico” tudo o que está relacionado com o islamismo. É, portanto, um termo relacionado com esta religião, cujo profeta e identidade máxima é Maomé e os seus ensinamentos.

Por outro lado, diz-se islamita todo aquele que assume uma visão integralista do Islão, fazendo uma leitura ortodoxa e literal dos textos sagrados e pretendendo impor a toda a vida social, cultural, política e económica aos ensinamentos religiosos e o quadro legal da sharia.

Muitos islamitas defendem os seus princípios de forma pacífica, mesmo que por vezes de forma opressiva, como sucede, por exemplo, na Arábia Saudita. Não devem, portanto, ser confundidos com os jihadistas. Essa palavra, que vem do árabe, significa “aquele que se empenha” e designa os combatentes violentos das fações mais fundamentalistas e radicais do Islamismo.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora