A oposição venezuelana acusou esta quarta-feira o partido no Governo de dar “um golpe judicial” contra o novo parlamento, ao impugnar a designação de 22 dos 112 deputados opositores eleitos nas eleições parlamentares.

“A Mesa de Unidade Democrática, juntamente com os seus três governadores, quer apresentar a posição pública perante o que não duvidamos em qualificar como uma tentativa de golpe de estado judicial contra a vontade do povo, expressa de forma nítida, clara, retumbante e pacífica do passado 06 de dezembro”, disse o secretário executivo da MUD, Jesús Torrealba.

A MUD obteve, nas eleições de 6 de dezembro último, a primeira vitória em 16 anos, conseguindo 112 dos 167 lugares que compõem o parlamento, uma maioria de dois terços que lhe confere amplos poderes e marca uma viragem história contra o chavismo.

Esta quarta-feira, segundo o porta-voz da aliança opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), Jesus Chúo Torrealba, apesar de estar em período de férias, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, abriu os serviços “para receber um recurso (de impugnação) do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), que pretende impugnar 22 deputados da Unidade”.

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“Não existe nenhum mecanismo ou procedimento que esteja por cima da Carta Magna. Dentro da Constituição tudo, fora dela nada”, disse, durante uma conferência de imprensa em Caracas.

Aquele responsável explicou que a União de Nações da América do Sul (Unasul), a Organização de Estados Americanos (OEA) e outros organismos do “hemisfério” foram notificados do que acontece para que estejam alerta em caso de que o Governo venezuelano “pretenda manter-se no poder, ignorando a vontade popular”.

O porta-voz da MUD explicou que a Constituição venezuelana estabelece que o Poder Legislativo deve instalar-se a 05 de janeiro próximo e que os 112 deputados opositores eleitos e acreditados pelo Conselho Nacional Eleitoral vão apresentar-se para assumir as suas funções.

“Nós estamos por uma senda clara que é democrática, constitucional, eleitoral e pacífica, por isso condenamos toda a ação de violência institucional”, frisou, sublinhando acreditar que nesse dia “vão operar as mesmas forças que garantiram que o dia 06 de dezembro (eleições parlamentares) fosse uma jornada cívica e pacífica”.

Segundo o Presidente Nicolás Maduro estão ser investigados mais de 1,5 milhões de votos nulos ocorridos durante as eleições parlamentares, porque em alguns setores onde tradicionalmente o ‘chavismo’ era vencedor, os candidatos chavistas perderam por menos de uma centena de votos e foram registados mais de mil votos nulos.

Horas depois desta intervenção da MUD o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela publicou um pequeno comunicado a desmentir que tenha recebido um recurso para impugnar os resultados eleitorais.

Para além disso, o mesmo órgão classifica as denúncias da oposição como “informações falsas” e que “em nada contribuem para o clima de paz e tranquilidade que reina no país”.