Quando Tiago Martins, Henrique Caetano, Pedro Silva e Joaquim Valente fizeram as malas para passar uma semana em São Francisco, a Stuk.io era uma startup de música, uma espécie de rede social para artistas trocarem conselhos entre si. Quando regressaram, era uma escola. Não de música, mas de programação. Uma escola online que queria ensinar qualquer pessoa a programar através de aplicações reais. Há alguém interessado em desenvolver o próximo eBay?

Para contar esta história é preciso recuar a janeiro de 2013, quando Tiago deixou o emprego que tinha na banca de investimento londrina para regressar ao Porto. Deixou o trading algorítmico para abraçar o desconhecido. E, pouco tempo depois, nasceu o projeto que ligava música e tecnologia a quatro histórias de amizade.

Em março de 2014, embarcaram os quatro na primeira viagem: um programa de aceleração de startups em Amesterdão. Seis meses depois, voltaram a fazer as malas para apresentar o projeto a investidores de São Francisco, nos Estados Unidos. Foi aqui que as coisas se complicaram: perceberam que ninguém estava a querer investir.

Durante essa viagem, percebemos que havia uma nova oportunidade de mercado, um boom de pessoas nos EUA que queriam aprender a programar, porque a taxa de desemprego era de 0%. Eu já tinha dado aulas de programação e como tínhamos de arranjar uma ideia rápido que fizesse dinheiro, fizemos o teste. Lançámos uma escola de código onde a metodologia era ensinar a a fazer coisas reais”, explica Tiago Martins, 28 anos, ao Observador.

Numa semana, desenvolveram uma página apenas para testes. Fizeram 1500 euros em faturação. “Ainda nem sequer tínhamos um produto”, conta, explicando que as pessoas tinham chegado à página por pesquisa na internet – 90% dos cursos que venderam foi para cidadãos dos EUA. “Tivemos metas incríveis e decidimos abandonar o projeto de música”, acrescenta.

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Quando chegaram a Portugal, contrataram Luís Dias, desenvolveram a aplicação, criaram os cursos e lançaram a escola em novembro de 2014. “Depois, explodimos completamente. Em seis meses, tínhamos quase 20 mil clientes e a nossa taxa de conversão de conteúdos era de 40%, quando o normal é andar por volta de 2 ou 3%”, diz Tiago. O modelo de negócio era simples: as pessoas pagavam uma mensalidade por um curso online, à distância, que ensinava a fazer uma aplicação em concreto através de vídeos. A que tem mais sucesso é a que ensina a criar um site como o do eBay.

“O problema foi que começamos a crescer mais rápido do que o que achavamos que iamos crescer. Tinhamos, por semana, 100 pedidos novos para cursos, que eram dados por quatro pessoas. Fomos à procura de investimento para fazer crescer a equipa e criar algo novo”, conta Tiago Martins.

Da Portugal Ventures, receberam 700 mil euros que lhes permitiram fazer crescer a equipa para dez pessoas e lançar o produto que agora vai dar a cara pela empresa, a Codeplace, uma plataforma que permite que qualquer empresa ou programador se inscreva e dê cursos de programação. A lógica é sempre a mesma: utilizar aplicações que já existem. Quem quiser criar uma escola na plataforma, paga uma subscrição mensal à Codeplace e entrega, também, uma comissão sobre as vendas.

“A Codeplace permite aos donos das escolas uma taxa de produção de conteúdo sete vezes mais rápida do que a produção de vídeo e o nosso formato é dez vezes mais rápido de aprender”, diz Tiago Martins. Atualmente, a Stuk.io tem mais de 20 mil clientes em mais de 100 países, crescendo a uma média de 10% por mês. A partir de um de março será Codeplace. Quantos quererão aprender?

*”Tive uma ideia!” é uma rubrica do Observador destinada a novos negócios com ADN português.