O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, disse que o Governo deve ter cuidado com os números do desemprego, que são reflexo da precariedade das políticas anteriormente seguidas.

“O aumento da taxa de desemprego agora revelado pelo INE não deixa de revelar sinais de preocupação. O partido que está hoje no Governo e os que o apoiam no Parlamento foram bastante críticos à forma como se esgrimiam os números do desemprego nos últimos anos. Agora é tempo de alterar o rumo e exige-se que as políticas venham ao encontro da estabilidade do emprego, pois em 2014 e 2015 tivemos um investimento de quase 800 milhões de euros em políticas ativas de emprego que resultaram, em 80%, de trabalhadores colocados em precariedade”, disse.

Carlos Silva, que falava à Lusa durante uma visita à empresa Simoldes, defendeu que o aproveitamento do financiamento do Portugal 2020 para capitalizar empresas, que o Governo tenciona fazer, deve ter uma compensação na criação de postos de trabalho efetivos.

“Colocamos uma condição: que essa capitalização tenha uma compensação imediata, monitorizada pelos parceiros sociais, de criação líquida de emprego digno, com contratação coletiva e com condições, a exemplo desta empresa, que tem 4.000 trabalhadores, condições de trabalho de excelência e com uma grande força sindical. É exemplo que temos de replicar em todo o país e em todas as áreas”, comentou.

O secretário-geral da UGT sublinhou que esse é também o sentido do parecer que aquela central sindical apresentou na quinta-feira ao Plano Nacional de Reformas.

“Em relação ao Plano Nacional de Reformas, um dos pilares é o combate à precariedade, mas não pode ser apenas na administração pública, porque é preciso penalizar quem utiliza a excessiva rotatividade de trabalhadores.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

É preciso criar emprego fixo, com contratos sem termo e dar condições às pessoas para se fixarem”, disse.

Carlos Silva salientou que “continua a haver muitos milhares de trabalhadores desempregados de longa duração”, considerando ser “um aspeto dramático porque já começa a ser um desemprego estrutural” e “um número elevadíssimo de jovens que estão desempregados e que não conseguem colocação”.

“Não é certamente através da emigração que resolvemos o problema e começamos a baixar os números. Não pode ser por aí”, concluiu.