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O fugitivo Pedro Dias entregou-se à polícia. Diz que "não matou nem sequestrou" ninguém e que foi "perseguido como um animal"

Este artigo tem mais de 5 anos

O suspeito dos crimes de Aguiar da Beira diz que "não matou nem sequestrou" ninguém. PJ não acredita. A detenção em Arouca foi filmada pela RTP e precedida de negociação com o diretor nacional da PJ.

Pedro Dias está agora detido no Estabelecimento Prisional da Guarda onde vai ficar até ser levado para interrogatório
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Pedro Dias está agora detido no Estabelecimento Prisional da Guarda onde vai ficar até ser levado para interrogatório

Pedro Dias está agora detido no Estabelecimento Prisional da Guarda onde vai ficar até ser levado para interrogatório

Pedro Dias, o suspeito dos crimes de Aguiar da Beira, entregou-se voluntariamente à Polícia Judiciária (PJ) depois de ter estado quatro semanas em fuga. A detenção foi filmada pela RTP e aconteceu em Arouca. Em entrevista à estação pública, o homem de 44 anos, que era perseguido pela morte de um militar da GNR e de um civil, garante estar inocente e disse que “não matou nem sequestrou ninguém” e fugiu porque se sentiu “perseguido de morte”.

Ao que o Observador apurou, a entrega voluntária de Pedro Dias à Judiciária foi precedida de um contacto telefónico da sua advogada. Mónica Quintela terá entrado em contacto telefónico com Almeida Rodrigues, diretor nacional da PJ, por volta das 21h para dar-lhe conta das intenções de Dias. Tal como afirmou posteriormente à RTP, o então fugitivo tinha receio de ser abatido por vingança pela GNR — daí ter optado por entregar-se.

De referir que Mónica Quintela não é novata em casos polémicos. A advogada em questão defendeu a inspetora da PJ Ana Saltão, acusada de assassinar a avó do marido. Quintela conseguiu-lhe a absolvição. Juntamente com mais duas advogadas, estudam agora a defesa do alegado duplo homicida de Aguiar da Beira.

A advogada de Pedro Dias só terá dado a informação sobre a localização exata da seu cliente depois de saber a identidade dos elementos da equipa da PJ que iriam recolhe-lo na zona de Arouca.

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A deslocação da equipa da Judiciária para o local foi rápida, visto que existiam diversas equipas no terreno precisamente naquela zona. Além disso, a família de Pedro Dias estava sujeita a uma vigilância apertada desde o início da fuga.

Mas ao que o Observador apurou, a advogada de Pedro Dias não informou antecipadamente sobre a presença de equipa da RTP no local. Só quando chegaram ao local combinado é que os inspetores da Judiciária perceberam que o fugitivo tinha decidido falar com jornalistas da estação pública antes de entregar-se.

Pedro Dias vai ser ouvido esta quinta-feira por um juiz de instrução criminal, sendo certo que o Ministério Público (MP) irá pedir a sua prisão preventiva. Dias é suspeito dos seguintes crimes:

  • 2 crimes de homicídio qualificado: 1 GNR (Carlos Caetano, 29 anos)e 1 civil;
  • 2 crimes de homicídio na forma tentada: 1 GNR (António Ferreira, 41 anos) e 1 civil;
  • 1 crime de furto qualificado

Contudo, é provável que o MP impute mais crimes a Pedro Dias em virtude da sua fuga.

“Fui perseguido como um animal”

Num avanço da entrevista que vai ser exibida na RTP, no programa “Sexta às 9”, conduzido pela jornalista Sandra Felgueiras, na próxima sexta-feira, dia 11, Pedro Dias relatou que foi “perseguido como um animal” e que se sentiu ameaçado de “morte”. O suspeito disse que se entregou porque temia pela sua segurança e acusou os agentes da GNR de que estariam a dar “tiros ao ar” e a “qualquer moita” onde imaginassem que ele estivesse. “Chegaram a atirar a um metro de onde estava”, assegurou.

Dias afirmou que também chegou a ouvir comentários de civis de que “era naquele dia que o iriam caçar”.

Questionado se assume os homicídios dos quais é acusado, respondeu que “de maneira nenhuma”. “O senhor agente da GNR terá certamente mais a dizer sobre o que me fizeram do que eu terei a dizer sobre eles”. O Correio da Manhã sublinhou que o militar da GNR que sobreviveu está sob forte vigilância por parte da PJ, em casa de um familiar em Penalva do Castelo, por ser considerado uma peça-chave para a resolução deste caso.

Pedro Dias relatou ainda que “desde o primeiro dia tentou entregar-se às autoridades, mas nunca lhe permitiram” e assegura que está a “cumprir as suas obrigações de cidadão, que é esclarecer tudo o que se passou”.

Dias diz que tinha receio de “ser morto” pela GNR

Segundo a RTP, o homem nunca assume ter estado em fuga — diz, sim, ter estado a ser “perseguido” pelas autoridades. Terá dito também que não cometeu qualquer crime e que tudo não passou de um “mal entendido”, pois apenas terá “tentado sobreviver”.

Sem nunca explicar em concreto o que se passou a 11 de outubro em Aguiar da Beira, Pedro Dias apenas terá afirmado que, quando se dirigia para casa dos pais em Arouca, onde ontem se entregou, terá “recebido uma chamada” de “uma militar da GNR” que o avisou que “ia ser morto”. Terá sido na sequência dessa chamada que iniciou a fuga de um mês, onde conta ter “sobrevivido com 60 euros”, “atravessado o rio Douro a nado”, “vivido em casas abandonadas”, “tomado banhos em rios” e “dormido na floresta”. Pedro Dias, segundo a reportagem da RTP, terá contado ainda que “se quisesse podia ter continuado em fuga o resto da vida”.

Quanto à detenção, e ainda segundo a estação pública, Pedro Dias terá revelado que pensou entregar-se por várias vezes, mas só na semana passada avançou com essa intenção. Terá entregue um bilhete a um familiar para ser levado às autoridades, dizendo que se entregaria esta terça-feira, dia 8, às 19h. Algo que acabou por se concretizar. Antes, Pedro Dias terá falado ao telefone com a atual companheira, com quem tem um filho de dez meses (sujeito a uma cardiopatia em agosto) e com a filha de dez anos.

Pedro Dias terá dito que “fugiu por um mal entendido”, e que se sente “perplexo” com tudo o que entretanto aconteceu, pois “não matou, nem sequestrou” ninguém. Daí que afirme que “Portugal assistiu à prova viva de que não vivemos num Estado de direito”, por imediatamente o ter condenado, sem sequer admitir a sua inocência. A fuga, terá contado, aconteceu apenas por se “sentir perseguido de morte”.

No relato dos acontecimentos da noite de 11 de outubro, Pedro Dias terá revelado que estava a dormir no carro, em Aguiar da Beira, quando foi abordado por dois militares da GNR que lhe pediram os documentos. Não diz o que se passou depois, mas garante que não “matou” ninguém. Fica assim por saber quem disparou contra os dois GNR (um morreu no local, o outro ficou ferido) e contra os dois civis num carjacking (um morreu no local, a mulher continua internada em estado grave).

A jornalista da RTP explicou que foi contactada pelos advogados de Pedro Dias para a realização da entrevista e que a detenção aconteceu apenas depois.

Segundo a versão até agora conhecida, Pedro Dias, ao ser abordado pelos dois GNR, teria primeiro falado com eles e depois disparado à queima-roupa. Depois, teria obrigado o GNR ferido a colocar o colega morto no porta-bagagens do próprio carro da polícia, tê-lo-ia algemado à pega da porta do pendura e conduzido por estradas secundárias até ficar atolado. Teria então amarrado o militar a uma árvore e disparado sobre ele, pensando que o tinha assassinado. Logo a seguir, terá tentado roubar um carro para continuar a fuga e, perante a recusa do casal que seguia para uma consulta de fertilidade em Coimbra, disparou sobre ambos matando o homem e deixando a mulher gravemente ferida.

A fuga continuou ao longo de vários dias (e muitos avistamentos) até que Pedro Dias terá voltado a cometer outro crime, já em Arouca, a terra onde vivia. Aí, terá sido surpreendido, numa casa não habitada, pela filha da dona e por um vizinho. Terá sequestrado ambos, amarrando-os, e voltado depois a roubar um carro para fugir. O seu rasto seria depois descoberto já na zona de Vila Real e até na Galiza, apesar do fugitivo ter afirmado à RTP que nunca saiu do país. Mas até esta noite de terça-feira nada mais se soubera.

PJ não acredita em Pedro Dias

Ao que o Observador apurou, as declarações do suspeito à RTP não aparentam ter credibilidade para a PJ.

Para já, uma coisa é certa para a Judiciária: Pedro Dias é o único suspeito dos crimes que estão na origem da investigação criminal. Ao contrário do que foi noticiado inicialmente, não existem mais suspeitos. Dias terá agido sozinho durante o assalto inicial que está na origem deste caso.

Nestas quatro semanas que durou a fuga, a Judiciária não teve a investigação parada. Além de várias equipas no encalço de Pedro Dias, houve outra equipa que foi trabalhando nos bastidores, consolidando a prova pericial e recolhendo, por exemplo, o testemunho do GNR (António Ferreira) que sobreviveu ao ataque à sua integridade física. Há ainda uma segunda testemunha (uma mulher) que está internada em estado grave e que terá sido alvo de um assalto por parte do então fugitivo que terminou com a morte do marido.

Não só a prova testemunhal do guarda António Ferreira identificará Pedro Dias como o alegado autor dos crimes, como a prova pericial corroborará os testemunhos.

O que já se sabe depois da detenção

Depois de ser detido, o alegado homicida esteve três horas no interior das instalações, para cumprir questões relacionadas com a sua condição de arguido, e saiu, no mesmo veículo da PJ, para o Estabelecimento Prisional da Guarda, onde aguardará até ser presente a tribunal para primeiro interrogatório judicial, o que deverá acontecer na quinta-feira.

Pedro Dias entregou-se na quarta-feira à noite às autoridades, sendo visível a sua detenção, algemado, a entrar num carro da polícia, filmado em direto pela RTP.

A PJ da Guarda remeteu informações à comunicação social para uma conferência de imprensa a ser convocada pelo diretor do departamento, sem precisar data ou hora.

Sandra Felgueiras referiu também que Pedro Dias se entregou às 19h00, a escassos metros da Câmara Municipal de Arouca e perto da casa dos pais.

A acusação está a trabalhar para concluir a investigação a curto prazo.

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