Paris estima em aproximadamente 700 o número de franceses ou residentes no país que integram as fileiras do autoproclamado Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque, num universo total de 3.000 europeus.
Numa entrevista ao jornal Le Figaro, publicadaesta quarta-feira, o responsável da Unidade de Coordenação da Luta Antiterrorismo (UCLAT), Loïc Garnier, afirmou ainda que cerca de mil, ainda em França, gostariam de juntar-se ao grupo extremista.
Loïc Garnier reconhece que não sabe até onde estão dispostos a ir esses candidatos a ‘jihadistas’, que agora têm mais dificuldades para entrar na Síria e no Iraque, mas que averiguar isso constitui precisamente uma das tarefas dos serviços secretos.
Em paralelo, foram identificados cerca de 200 combatentes do EI que passaram pela Síria e pelo Iraque e que regressaram à França, e outros que ainda estão no Médio Oriente mas que gostariam de voltar, mas a ‘impermeabilização’ das fronteiras da Turquia e a situação militar tornaram essa viagem mais difícil.
Garnier afirmou que os que regressem são sistematicamente interrogados pela justiça, presos ou colocados sob controlo ou em estruturas sociais no caso de menores.
Sobre o perfil dos combatentes que regressaram a França, Garnier descreveu três tipos diferentes: os que fizeram a guerra e não pretendem continuar, uma franja “minoritária” que tem a missão de praticar atentados em França em nome do EI e “uma massa de indivíduos que falta determinar se são perigosos” e “o grau de previsibilidade das suas ações”.
A esse respeito, indicou que alguns aprenderam durante a sua experiência nas fileiras do EI a “disparar sem pestanejar contra homens ou mulheres, a mostrar sangue frio na ação, como se viu no Bataclan”, a sala de espetáculos parisiense que foi um dos alvos dos atentados de 13 de novembro de 2015.
Segundo a UCLAT, nas áreas controladas pelo EI, há cerca de 290 mulheres francesas ou residentes em França e 460 crianças, um terço das quais ali nascidos, ou seja, com menos de 4 anos de idade.