Os jornais britânicos chamam-lhe a “Maddie McCann americana” e é facil perceber porquê: ambas desapareceram durante a noite, enquanto dormiam, sem que os pais tivessem dado por nada e sem deixar qualquer rasto. As diferenças: Madeleine Beth McCann foi vista pela última vez na noite de 3 de maio de 2007 no aldeamento turístico da Praia da Luz, no Algarve, onde passava férias com os pais e os irmãos gémeos – tinha 3 anos e, apesar de ainda hoje a investigação para a encontrar se manter ativa, nunca foi encontrada; os pais de Isabel Mercedes Celis deram pela falta da filha mais nova, de seis anos, na manhã de 21 de abril de 2012 – os restos mortais da menina, natural de Tucson, no Arizona, foram encontrados em março deste ano, numa zona deserta do mesmo condado de onde desapareceu.

Isabel Celis tinha 6 anos quando desapareceu

Chris Magnus, chefe da polícia de Tucson, que terá investigado mais de 2.200 pistas desde que o alerta do desaparecimento da menina foi dado, há praticamente cinco anos, diz que “não foi por acaso” que as autoridades descobriram os restos mortais de Isa, como era carinhosamente tratada pela família, naquele lugar. Ainda assim, durante a conferência de imprensa em que tornou públicos os resultados dos testes de ADN que confirmaram a morte da criança, Magnus recusou adiantar se existe algum suspeito do crime: “É óbvio que este não é o fim que nenhum de nós desejou, mas isto também não é o fim do caso. Estamos a trabalhar de forma muito agressiva neste caso, como faríamos aliás em qualquer outro caso que envolvesse a morte de uma criança.”

Sergio e Rebecca Celis, os pais da menina, emitiram um comunicado em que agradecem à comunidade de Tucson todo o apoio que lhes foi prestado ao longo dos últimos anos e pedem privacidade: “Agora precisamos de fazer o nosso luto”.

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Nenhum deles foi alguma vez considerado suspeito, ao longo dos anos de investigação, mas um ano depois de Isabel desaparecer, Sergio foi impedido, por ordem da Comissão de Proteção de Crianças local, a estabelecer qualquer tipo de contacto com os filhos mais velhos, então com 10 e 14 anos, o que levou a que se tivesse separado fisicamente da mulher – e a alguma especulação por parte da imprensa norte-americana.

Foi o pai de Isa quem deu o alerta na manhã de dia 21 de abril de 2012, um sábado. Rebecca, enfermeira, tinha saído para trabalhar às 7h30, Sergio foi acordar a filha mais nova meia hora depois – para lhe dar o pequeno-almoço e a levar ao jogo de baseball que tinha nessa manhã, contaria às autoridades. A criança ter-se-ia deitado, vestida com um pijama azul, na noite anterior por volta das 23h00 – foi essa a última vez que foi vista com vida, foi essa a descrição que a família fez à polícia primeiro e imprimiu depois nas folhas A4 que colou por toda a cidade de Tucson e arredores: “Menina Desaparecida”.

Algum tempo depois de darem por falta de Isabel, Sergio e os filhos mais velhos perceberam que a janela do quarto dela estava aberta – a polícia viria a confirmar sinais de arrombamento e um vizinho garantiu ter ouvido cães a ladrar e vozes masculinas vindas daquela zona às 6h30.

Terá sido apenas uma das tais 2.200 pistas que a polícia seguiu ao longo de quase cinco anos, sem resultados.