Baseada em factos reais mas totalmente ficcionada. É assim “1992” porque é isso que se espera de um série como estas: um retrato dos anos 90 em Itália, a história de como um grupo de mafiosos criou e manteve ligações ao poder oficial do país. E ainda que não seja uma produção nova (estreou-se originalmente em 2015) chega esta quarta feira, dia 19, a Portugal. Com transmissão de segunda a sexta na RTP2 às 22h.

O objetivo de todos — mafiosos ou políticos, qualquer figura com autoridade — é o poder e é essa luta que percorre “1992”, uma série que além de contar uma história de enganos e violência, conta também a história recente de Itália, quem eram os protagonistas do país há 25 anos (Berlusconi também passa por aqui) e como as decisões, coligações e escândalos de então marcaram a atualidade italiana.

Estes foram os tempos da operação “mani pulite”, ou “mãos limpas”, que investigou a corrupção política em Itália, que levou ao fim da Primeira República e que mudou o panorama partidário do país. O procurador Antonio Di Pietro foi uma figura central em todo o processo e está também em “1992”.

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Mas a trama principal da série passa por um negócio ilegal de sangue contaminado, de uma indústria farmacêutica interessada em aproveitar o esquema e de um investigador que, além de procurar justiça, procura também vingança, por ter sido uma das vítimas deste mercado paralelo.

A produção é da Sky Internacional, que apostou numa produção mais próxima do universo cinematográfico e uma banda sonora que funcionasse para um público internacional (sobretudo anglo-saxónico, claro) e que situasse a ação no tempo: Teenage Fanclub, REM ou Primal Scream estão por lá, tal como estão os Ace of Base.

Em Itália, “1992” fez a diferença também, porque elevou as figuras dos criadores argumentistas a um patamar de autoria pouco habitual na televisão daquele país. Ludovica Rampoldi, Stefano Sardo e Alessandro Fabbri são os responsáveis pelos dez episódios que compõem a única temporada que a série tem até ao momento. E os três nomes fazem parte daquilo a que o Hollywood Reporter chamou de nova “classe criativa italiana”. Aliás, Rampoldi faz também parte da equipa que escreve “Gomorra”, provavelmente a série italiana mais popular da atualidade.