“Ensemble, la France!”. À hora do início do jogo entre Rio Ave e Benfica, Emmanuel Macron fazia o discurso da vitória com uma frase em destaque no pequeno palanque onde falava. As atenções estavam centradas nos resultados das eleições francesas, mas bola é bola e não demoraram a saltar para Vila do Conde, onde se jogava uma partida fundamental para as contas do título. Mais uma vez, o vencedor foi o do costume. Pode custar mais ou menos. Pode ser com maior ou menor facilidade. A verdade, nua e crua, é apenas uma: na hora da verdade, e ao contrário do FC Porto, os encarnados nunca vacilam. E ganharam, mais uma vez, por 1-0. Era o debate final antes da votação que decidirá a Primeira Liga. No campo, venceu. No resultado, esmagou. E os cinco pontos de avanço sobre os azuis e brancos fazem com que possa haver festa já no sábado, 13 de maio, frente ao V. Guimarães.

Para não variar, o jogo começou com Pizzi em destaque. Para variar, em vez de marcar na baliza do adversário arriscou acertar na própria. Foi por um triz: na sequência de um livre lateral batido da esquerda do ataque do Rio Ave, Ederson ficou por ali na área aos papéis, a bola embateu no corpo do médio mas, ainda assim, quando seguia para a baliza, foi salva já perto da linha de golo (2’). Pouco depois, no seguimento de um cruzamento largo de Rafa da direita, Jonas tanto se esticou e esticou que tocou na bola com perigo, para defesa de Cássio (6’).

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Ficha de jogo

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Rio Ave-Benfica, 0-1

32.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Rio Ave, em Vila do Conde

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

Rio Ave: Cássio; Lionn, Marcelo, Roderick, Rafa Soares; Petrovic, Tarantini (Traoré, 81’), Krovinovic; Gil Dias (Rúben Ribeiro, 58’), Heldon e Guedes (Gonçalo Paciência, 72’)

Treinador: Luís Castro

Suplentes não utilizados: Rui Vieira, Nélson Monte, Pedro Moreira e Bruno Teles

Benfica: Ederson; Nélson Semedo, Luisão, Lindelöf, Grimaldo; Fejsa, Pizzi (Filipe Augusto, 90+2’); Rafa (Salvio, 70’), Cervi, Jonas (Samaris, 84’) e Raúl Jiménez

Treinador: Rui Vitória

Suplentes não utilizados: Júlio César, André Almeida, Carrillo e Mitroglou

Golo: Raúl Jiménez (75’)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Petrovic (53’), Cervi (53’) e Roderick (57’)

Em pouco mais de cinco minutos, já tinha havido mais oportunidades de golo do que houve de manhã, em Alvalade. Mas não seria de esperar outra coisa: as duas equipas, cada uma com o seu modelo, sabem jogar à bola, marcar tempos, desorganizar o adversário sem perder a sua organização. Um dado destacado por Luís Castro antes do encontro – o Rio Ave é a quarta formação com mais posse de bola na Liga e ocupa o mesmo posto a nível de recuperações de bola no meio-campo adversário. “Queremos manter essa identidade”, prometeu.

Prometeu e cumpriu. O Benfica teve mais bola no primeiro tempo, muito mais remates, mas nunca conseguiu “abafar” os visitados, que aproveitavam qualquer bola para, em três/quatro toques, estar perto da área de Ederson. Por isso, os encarnados atacaram sempre pela certa. Raramente ficaram descompensados, mas também raramente conseguiram rematar na área. Jonas, aos 14’, depois de uma boa jogada de Grimaldo na esquerda, atirou muito perto do poste; Nélson Semedo, aos 32’, aproveitou uma assistência de Jiménez para fazer um remate a bater no chão e a obrigar Cássio a intervenção apertada.

De resto, por Pizzi, Rafa ou Cervi, o Benfica tentou rematar de fora da área. E os disparos foram enquadrados, mas sem causar grandes calafrios ao Rio Ave. Ainda assim, teve o mérito de conseguir abafar as transições vila-condenses.

Os encarnados voltaram com a corda toda. 78% de posse de bola nos primeiros 15 minutos dizem muito, mas o remate de Raúl Jiménez, que colocou a bola a jeito num espaço mais pequeno do que uma cabine telefónica dentro da área (50’), e a série de cantos e disparos prensados na muralha dos visitados foram a prova que nem os números mostraram desse domínio. Luís Castro não gostou, leu bem o jogo e sacou Gil Dias por Rúben Ribeiro, um elemento que também tem características ofensivas mas consegue ocupar espaços mais interiores. Foi uma boa opção, porque o jogo ganhou o equilíbrio perdido. Heldon e Tarantini até podiam ter inaugurado o marcador.

Ainda assim, os vila-condenses provariam do próprio veneno: na sequência de um canto junto da baliza de Ederson, o Benfica saiu bem, Jonas desmarcou Salvio, o argentino assistiu Jiménez e o mexicano, tal como já tinha feito no ano passado, apontou o único golo em Vila do Conde (75′). Os visitados ainda tentaram, tiveram mesmo uma bola ao poste por Gonçalo Paciência (87′), mas voltaram a agarrar com unhas e dentes a vantagem. Missão cumprida. E, no dia em que chegou ao fim o Estoril Open, ganharam o primeiro match point para o tetracampeonato.