Numa altura em que, especialmente entre os fabricantes de superdesportivos, parece haver uma corrida desenfreada à potência, e conhecida a ligação histórica da Ferrari ao motor de combustão a gasolina V12, são já algumas as vozes que se questionam sobre o momento em que a mítica Ferrari anunciará a decisão de dotar este bloco, naturalmente aspirado, de um turbocompressor. “Só se fôssemos loucos”, responde o big boss da marca do Cavallino Rampante, Sergio Marchionne.

Embora pressionada pela agitação que, sobretudo as marcas mais jovens, têm conseguido causar com sucessivos anúncios de potências já estratosféricas, a verdade é que a Ferrari parece não querer seguir por esse caminho. Ou, pelo menos, não com os actuais motores de combustão, como é o caso do seu icónico V12. Preferindo, caso um dia venha a fazê-lo, uma solução substancialmente diferente, ou seja, através da já anunciada hibridização.

Foi o nosso responsável pelo departamento de motores quem me disse que, seria preciso que fôssemos loucos, para colocarmos um turbo no nosso V12! Assim e àqueles que esperam que isso venha a acontecer, a minha resposta é não”, afirmou Marchionne. Acrescentando que o futuro será “naturalmente aspirado, com sistema híbrido acoplado”.

No entanto, apesar da recusa quanto a um V12 turbocomprimido, a verdade é que tal não significa que a Ferrari abdique de oferecer mais potência aos seus clientes. “O objectivo de incluir sistemas híbridos e eléctricos nos nossos automóveis nada tem a ver com aquilo que é o objectivo tradicional para a maioria dos construtores. No nosso caso em concreto, ao enveredarmos por estas soluções, estamos, efectivamente, a tentar melhorar a nossa performance em pista”, garante o patrão da Ferrari.

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Recorde-se que o V12 que a Ferrari actualmente utiliza está ainda bastante abaixo daquilo que são os limites impostos pela União Europeia, para os próximos quatro anos, em termos de emissões (EU6B), para fabricantes automóveis considerados de pequenos volumes. Razão pela qual, embora considere o EU6C que vem a seguir “um desafio”, o responsável técnico da Ferrari, Michael Leiters, garanta ter já uma solução como resposta.

Quanto à legislação que impõe emissões especialmente reduzidas e que deverá entrar em vigor a partir de 2021, terá como resposta, segundo o mesmo responsável, “a motorização V12 híbrida”.

Apenas como curiosidade, refira-se que um dos principais rivais (e vizinhos) da marca de Maranello, a Lamborghini, também anunciou já pretender manter-se fiel à solução V12 naturalmente aspirada, nos próximos anos. Atirando mesmo para lá de 2022 a hipótese de uma outra solução de motorização. Que, ao que tudo indica, também será híbrida.