O primeiro-ministro considerou esta terça-feira uma ilusão a ideia de que é possível “tudo para todos já”, advertindo que a consolidação financeira é fundamental e que os recursos disponíveis não podem ser só alocados a quem trabalha no Estado.

“A ilusão de que é possível tudo para todos, já não existe isso. Temos de negociar com bom senso, com responsabilidade, procurando responder às ansiedades das pessoas, mas com um princípio fundamental: Portugal não pode sacrificar tudo o que conseguiu do ponto de vista da estabilidade financeira, porque isso, no futuro, colocaria em causa o que foi até agora conquistado.”

António Costa falava aos jornalistas em Tunes, na Tunísia, no final do Fórum Luso-Tunisino, depois de confrontado com as crescentes expectativas dos trabalhadores do Estado em relação à política de rendimentos do Governo.

O primeiro-ministro afirmou mesmo que um “princípio fundamental” do programa do Governo é “a consolidação das finanças públicas, a eliminação do défice e a redução da dívida para desonerar a economia e as finanças públicas portuguesas”.

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“Todos estes objetivos devem ser cumpridos para aumentar a capacidade de o país investir onde é necessário. Se queremos investir mais na qualidade da educação, na qualidade do sistema de saúde e nos serviços públicos não podemos consumir todos os recursos disponíveis com quem trabalha no Estado”, defendeu o líder do executivo.

Perante os jornalistas, o primeiro-ministro sublinhou que o seu executivo, com a linha até agora seguida, permitiu que Portugal possua agora “o maior crescimento económico desde o princípio do século, o menor défice desde o início da democracia, uma redução muito significativa da taxa de desemprego, com melhorias em simultâneo das condições de vida e um nível de confiança recorde”.

“Temos de manter essa linha. É preciso responsabilidade para que haja irreversibilidade nos passos dados por este Governo”, acrescentou.

Questionado sobre o eventual aumento do défice no próximo ano, em vez dos projetados 1,1% com a contabilização das despesas para a prevenção e combate a incêndios, o primeiro-ministro recusou que essa fasquia seja ultrapassada.

“O défice para 2018 está fechado. Tendo sido tomada a decisão política de incorporar no Orçamento as medidas que em 2018 são possíveis – e que decorrem do relatório da Comissão Técnica Independente sobre incêndios -, isso tem naturalmente consequências sobre a previsão do défice. Agora, no que respeita a outras matérias, não haverá qualquer alteração” em relação à meta do défice em 2018, frisou António Costa.