A corrida para o Eurogrupo pode parecer encerrada em Lisboa, mas no centro da Europa a corrida parece estar a aquecer e pode ficar feia, com o Luxemburgo e os liberais europeus a contestarem o apoio dado pela Alemanha à candidatura de Mário Centeno e a fazerem acusações de manipulação política e de arranjinhos políticos.

Depois de conseguir o apoio das quatro maiores economias da zona euro, em Lisboa aguarda-se com expetativa a eleição de Mário Centeno como novo presidente do Eurogrupo na segunda-feira.

O congresso dos socialistas europeus serviu para António Costa anunciar apoios e fazer uma espécie de dança da vitória, depois do que conseguiu com os principais líderes europeus na cimeira União Europeia/União Africana. Entre as várias declarações do primeiro-ministro esteve a garantia pública de que Portugal teria o apoio da Alemanha.

Mas é precisamente esse apoio que não está a cair bem no Luxemburgo, um dos países que avançou com o seu próprio candidato para a eleição de segunda-feira.

De acordo com a edição online da revista Político, o apoio de Angela Merkel e a forma como foi conseguido caíram mal na capital luxemburguesa e entre os liberais, que como terceiro maior partido europeu, reclamam que é a sua vez de assumir o cobiçado posto.

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A chanceler alemã ainda não declarou o seu apoio público à candidatura de Mário Centeno, tendo negado a declaração desse mesmo apoio, mas no Luxemburgo, como em Portugal, acredita-se que esse apoio foi mesmo declarado em Abidjan, na Costa do Marfim.

“Os alemães estão numa situação complicada porque ainda não têm uma coligação. Agora, deverão ter de fazer cedências para conseguir um acordo com os sociais-democratas alemães, e esta é uma das razões pelas quais podem contemplar apoiar um socialista”, afirmou um responsável do Governo do Luxemburgo, citado pelo Político.

Os liberais juntaram-se aos luxemburgueses e dizem que este arranjinho entre socialistas e conservadores vai contra o espírito do acordo que permitiu a eleição do italiano Antonio Tajani, um conservador, para o posto de presidente do Parlamento Europeu.

O luxemburguês Pierre Gramegna, aquele que era o potencial candidato mais temido por Lisboa até à passada quarta-feira, não tem o apoio da direita, mas está a tentar ultrapassar Centeno pela via dos liberais, tentando beneficiar da candidatura de outro socialista – sem apoio da sua família política -, o eslovaco Peter Kazimir.

“Os libeirais são o terceiro mais grupo no Parlamento Europeu e lideram oito países na Europa. Pensamos que tem de ser tido em conta”, disse o ministro das Finanças do Luxemburgo, ao Politico.

A eleição acontece esta segunda-feira e além dos três candidatos haverá mais um a tentar a sua sorte, a ministra das Finanças da Letónia, Dana Reizniece-Ozola.

O próximo presidente tem de conseguir pelo menos 10 votos em 19 possíveis. Serão realizadas as rondas necessárias para que exista um presidente. Os candidatos saberão o número de votos no final de cada ronda e podem desistir no final de cada ronda.

Depois de eleito, o vencedor será anunciado de imediato e apresentado numa curta conferência de imprensa logo de seguida, no edifício do Conselho em Bruxelas.