O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) desafiou hoje o primeiro-ministro, em Portimão, à entrada do XXIII Congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses, a não avançar com a municipalização da gestão das escolas.

“O processo de municipalização iniciou-se com o governo anterior, com contratos com alguns municípios, que transferiram competências nos termos contratualizados nesses concelhos”, afirmou Mário Nogueira, à porta do Portimão Arena. O dirigente da Fenprof considerou que a descentralização de competências para as autarquias, na área da educação, “não pode ser algo feito à pressa”, de forma em “que depois pode haver arrependimentos, mas que já não há volta a dar-lhe”.

Para Mário Nogueira, a descentralização não deve “retirar às escolas competências que elas têm”. “O problema das escolas não é não saberem gerir os seus bens, não saberem gerir o seu pessoal, o problema das escolas é não terem nem bens, nem pessoal, nem recursos, e, portanto, deem às escolas recursos que as escolas precisam”, frisou.

O dirigente criticou que a gestão do pessoal não docente possa ser atribuída às autarquias, porque se o Governo avançar com a municipalização corre-se “o risco de acentuar mais as assimetrias que já hoje são grandes”.

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Qualquer processo de descentralização “passa também por envolver os municípios, mas não passa por uma municipalização”, uma vez que as dificuldades financeiras de muitos municípios levarão à contratualização com privados dos serviços.

Um grupo de elementos da Fenprof segurava à porta do pavilhão do parque de feiras e exposições da cidade algarvia uma faixa onde se podia ler “Municipalização, nem recauchutada!”. Mário Nogueira cumprimentou o primeiro-ministro à chegada ao congresso da ANMP, entregando-lhe o manifesto sobre a “designada descentralização da educação”.

António Costa argumentou a Mário Nogueira que a transferência de competências para as autarquias visa “fazer bem, para ficar bem feito”. O XXIII Congresso da ANMP decorre hoje no Portimão Arena, para debater a descentralização, as finanças locais e os fundos comunitários, e eleger os novos órgãos diretivos para o mandato 2017-2021.