A deputada socialista Sónia Fertuzinhos, que viajou para a Suécia a expensas da Raríssimas, uma IPSS envolta num escândalo de gestão danosa de subsídios estatais, afirma em comunicado que aquela viagem decorreu “no âmbito de trabalho” e que nunca recebeu “nenhum pagamento” daquela associação sem fins lucrativos, com a qual diz não ter “nenhuma relação formal”.

Numa nota enviada às redações, Sónia Fertuzinhos explica que a viagem em questão teve a ver com a sua participação numa conferência em Ågrenska, Gotemburgo, nos dias 8 e 9 de setembro de 2016. A conferência foi organizada pela EURORDIS, Organização Europeia para as Doenças Raras.

Sónia Fertuzinhos conta que foi “convidada” para ir àquela conferência a convite da Raríssimas e que este convite se justifica pelo seu trabalho pela “implementação da Estratégia Nacional Integrada para as Doenças Raras 2015-2020”.

“As despesas relacionadas com a viagem não constituíram nenhuma despesa para a Raríssimas, que tendo adiantado o pagamento dos bilhetes de avião foi reembolsada pela entidade organizadora da conferência, na totalidade do valor dos mesmos”, explicou ainda.

Uma vez que no seu comunicado referia apenas as despesas com os voos, perguntámos à deputada socialista quem tinha pago outras despesas, como alimentação e alojamento. “A informação que tenho é que as despesas foram pagas pela organização”, respondeu. “Os dois almoços e jantar estavam integrados no programa e decorreram na associação de doenças raras onde decorreu a conferência.”

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A EURORDIS, segundo informação disponível no site oficial, recebeu 6,3 milhões de euros em 2016, 28% dos quais são da Comissão Europeia, outros 15% são de organizações de pacientes.

A deputada socialista é casada com José António Vieira da Silva, ministro da Segurança Social. Contactado pelo Observador, o Ministério, que atribuiu várias centenas de milhares de euros à associação disse que “dentro das suas competências”, vai “avaliar a situação e agir em conformidade, tendo sempre em conta, e em primeiro lugar, o superior interesse dos beneficiários desta instituição”.

“Os acordos de cooperação, bem como outros apoios eventualmente atribuídos, são devidamente instruídos e analisados pelos serviços competentes da Segurança Social”, adiantou ainda o Ministério da Segurança Social. O ministério tutelado por José António Vieira da Silva refere ainda que os subsídios em questão são atribuídos no âmbito do Fundo de Socorro Social e têm “como base os valores previstos na lei e o número e modelo de utentes dessas respostas”.