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Piqué, o catalão que cria tempestades com o que diz e passa entre os pingos da chuva no que faz

Entre o jogador e o empresário há Gerard Piqué, um catalão com veia política, língua afiada e QI acima da média que divide os adeptos de futebol pela forma como aborda temas como o referendo.

Artigo publicado originalmente em 2017 e republicado agora numa altura em que o jogador se despede dos relvados

Piqué é jogador de futebol do Barcelona e de Espanha e um empresário de sucesso a nível mundial. Piqué pode ser o futuro presidente dos blaugrana. Piqué foi sempre um “político” pela Catalunha. Piqué foi, é e será impulsivo a dar a cara por tudo o que defende, mas quer passar o mais despercebido possível. Por isto e muito mais, o percurso de Piqué faz dele um homem de contradições que não passa ao lado de nada nem de ninguém.

Um dia, na cafetaría El Fornet, em Barcelona, estava a lanchar com a mulher, a cantora Shakira, o cunhado e o filho mais velho, Milan. Que desatou num berreiro, porque não queria beber o seu sumo de laranja. Uma senhora que estava numa mesa próxima, também mãe, sacou de alguns truques para acalmar a criança. Conseguiu. Mas contou que Piqué não tinha achado muita graça à intromissão. No perfil publicado pelo El Mundo, um fotojornalista queixa-se também da frieza do casal: “Conhecem-me há anos mas são incapazes de, quando passam por mim, sequer fazer o mínimo cumprimento”. E ainda há um episódio contado por uma outra pessoa em que o jogador terá tratado mal a tripulação num voo. O jornal espanhol fala de alguém muito amável e divertido com os seus, mas que não suporta a fama.

No arranque da sua empresa (já explicaremos esta veia mais abaixo), andou a investigar os perfis dos trabalhadores no Facebook à procura dos seus interesses para encontrar o presente perfeito para cada um. E foi assim que distribuiu uma guitarra, um skate e um equipamento de escalada, entre outras prendas. No ano seguinte, devido aos compromissos de uma agenda sempre cheia, não teve tempo para repetir a tática, mas não passou ao lado da festa: alugou uma sala de cinema para os 45 trabalhadores verem juntos ‘Star Wars: o despertar da força’ mas, achando que aquilo mesmo assim seria pouco, ainda distribuiu hoverboards por todos, conta também o El Mundo, neste caso numa entrevista de fundo concedida à revista Papel.

Piqué conheceu Shakira nas gravações da música oficial do Mundial de 2010 e formam um dos casais mais mediáticos da atualidade (David Ramos/Getty Images)

Um ano depois de ter lido um perfil que lhe chamava “menino mimado”, com uma vida feita por ter nascido em berço de ouro, Piqué deu uma entrevista de fundo à mesma publicação. “Se estou a pensar mudar? Não, sinto-me bem como sou”, defendeu, sobre a sua forma de estar. “Neste país o que vende é desejar o melhor ao Madrid [Real] e ao Atleti [Atl. Madrid]. Paz e amor. Tudo muito bonito. É uma falsa bondade que não nos leva a lado nenhum. Sinto muito que seja assim e não vou dizê-lo”, disse sobre as constantes farpas aos clubes rivais da capital.

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A barba atenua a cara de miúdo que tem, mas Gerard Piqué já está com 30 anos e, quanto mais velho, “mais ídolo de uns e saco de boxe para outros”, como se escreveu após as declarações no final do Barcelona-Las Palmas de domingo (disputado à porta fechada), onde não aguentou as lágrimas na zona mista a falar de tudo o que se estava a passar com o referendo (ilegal) à independência da Catalunha. Nascido em Barcelona, nunca se assumiu como independentista, mas defendeu até à exaustão o direito ao referendo.

Filho de um advogado, Joan, e da chefe da Unidade de Neurocirurgia do Hospital Instituto Guttman, Montserrat, Piqué é sócio desde que nasceu do Barça por influência do avô com o apelido da maior figura de sempre do rival Real Madrid, Bernabéu. Amador Bernabéu foi vice-presidente dos blaugrana, além de delegado da Federação. Gostasse ou não (que viria a gostar e muito), o clube estava escolhido e a profissão também não demoraria: as constantes idas a Camp Nou aguçaram-lhe o sonho de um dia estar ali no relvado, a jogar. E conseguiu alcançar essa meta. “O que queria era mesmo isto, poder jogar os jogos grandes. Não era uma questão de ganhar dinheiro ou ser famoso; sonhei jogar porque via os jogos do Barça com o Madrid [Real], os Mundiais, os Europeus…”, frisou.

Mas Piqué — que conheceu Fabrègas ainda na escola e Messi desde os 12 anos, quando o número 10 chegou da Argentina — sempre foi diferente. Como jogador, como pessoa. O pai um dia referiu numa entrevista que o filho mais velho (tem outro rapaz, Marc) tinha um Quociente de Inteligência de 170 (que é como quem diz, acima de génio), mas nos últimos anos tornou-se transversal a ideia de lhe atribuir um QI de 140. Ou seja, acima de 98% da população. Verdade ou mito, o percurso fora dos relvados, incluindo o desejo a médio/longo prazo de assumir a presidência dos blaugrana, tem sido preparado enquanto soma títulos pelo Barcelona e pela seleção.

Adepto de Luís Figo e Pep Guardiola, que tinha como principal referência Fernando Hierro, Piqué tanto jogava como central como a médio defensivo tendo uma “anormal” veia goleadora para a posição. Todos viam nele o futuro da defesa do Barça. Mas como ele achava que o Barça não parecia vê-lo com futuro, aceitou o primeiro contrato profissional vindo do Manchester United e mudou-se para Inglaterra, onde foi companheiro de um Cristiano Ronaldo que dava os primeiros passos na alta roda do futebol. Estávamos em 2004. Ainda seria cedido ao Saragoça, onde teve oportunidade de crescer (e muito) jogando ao lado de Gabriel Milito, em 2006/07, regressando depois a Old Trafford para ganhar Campeonato, Liga dos Campeões e Supertaça pelos red devils.

Uma imagem em Manchester com Ronaldo, onde tinham como adjunto Carlos Queiroz (ANDREW YATES/AFP/Getty Images)

Em 2008, o coração falou mais alto e regressou ao Barcelona a troco de cinco milhões de euros. E logo nessa primeira temporada conquistou Campeonato, Taça de Espanha e Champions, tornando-se apenas o quarto jogador da história a vencer a principal competição europeia de clubes em anos seguidos por equipas diferentes. Foi também nessa época de 2008/09 que conseguiu a primeira internacionalização pela seleção principal, algo que, passados quase dez anos, se mantém de forma inquestionável. Entre Campeonatos, Taças de Espanha, Supertaças, Liga dos Campeões, Mundiais de Clubes e Supertaças Europeias, já ganhou 24 troféus nos blaugranas.

Pelo meio, foi campeão mundial e europeu pela seleção espanhola. A mesma que decidiu abandonar, em 2018. A mesma que admite abandonar caso assim o queiram, a partir de agora. Antes de chegarmos a esta situação-limite que se vive na Catalunha, Piqué dizia que não percebia quando lhe diziam para sair da seleção. “Não entendo os catalães, tenho muitos amigos independentistas e nem esses dizem isso, até estiveram a apoiar-nos no Mundial e no Europeu”, destacou. Agora, é o próprio a abrir a porta caso alguém entenda que é o melhor.

“Quando se vota, fazemo-lo ‘sim’, ‘não’ ou em branco, mas vota-se. Neste país, durante muitos anos de franquismo, não se podia votar. Sou e sinto-me catalão e hoje [domingo], mais do que nunca, sinto-me orgulhoso das pessoas na Catalunha. Estamos num país que tem um chefe de governo e um partido que utiliza todos os meios para mentir. Foi uma das piores decisões dos últimos 50 anos e só vai separar mais a Catalunha da Espanha, mas temos um primeiro-ministro que tem o nível que tem, que nem sabe falar inglês. Seleção? Acho que posso continuar a ir à seleção espanhola porque há muita gente em Espanha que desaprova estes atos e acreditam na democracia. Mesmo votando ‘sim’, posso ir à seleção. O meu passaporte e o meu ADN são espanhóis. Mas se alguém entender que sou um problema, deixo a seleção antes de 2018″, disse no domingo, após o Barcelona-Las Palmas que se realizou à porta fechada (embora o defesa tivesse defendido a falta de comparência).

"Quando se vota, fazemo-lo 'sim', 'não' ou em branco, mas vota-se. Neste país, durante muitos anos de franquismo, não se podia votar. Sou e sinto-me catalão e hoje [domingo], mais do que nunca, sinto-me orgulhoso das pessoas na Catalunha. Estamos num país que tem um chefe de governo e um partido que utiliza todos os meios para mentir. Foi uma das piores decisões dos últimos 50 anos e só vai separar mais a Catalunha da Espanha."

Piqué é isto. Uma pessoa frontal, com caráter, destemido em dar uma opinião, como defendem uns. Um indivíduo que fala mal e demais, inoportuno, que às vezes parece um elefante numa loja de porcelanas como dizem outros. Mas há uma ideia que junta ambas as visões: é impossível passar ao lado do jogador que, mesmo estando junto com uma das maiores celebridades mundiais, Shakira (que conheceu nas gravações do vídeo da música ‘Waka Waka’, o hino do Campeonato do Mundo de 2010), consegue destacar-se pelo que diz e pelo que faz, mais do que por quem está. E há algo que reforça ainda mais essa posição e que poucos conhecem: a sua veia de empresário.

Além de ser sócio num restaurante em Barcelona, tem 27% da Bas Alimentaria, uma empresa ligada à indústria de carne catalã que comercializa hambúrgueres. Mas é com o pai e com o irmão que tem os principais negócios: a Kerard Games, empresa ligada aos videojogos com um capital social de cinco milhões de euros; a Kerard Holding, que tem investimentos no imobiliário; e a Kerard Project, vocacionada para os direitos de imagem. E tem uma outra particularidade: além de pagar a um professor privado de economia e gestão de empresas, tirou um MBA na mesma área em Harvard (onde teve como colega a atriz Katie Holmes, o basquetebolista da NBA C. J. McCollum e o jogar de râguebi Jamie Heaslip). No entanto, e apesar de ser um grande adepto dos torneios internacionais de póquer, só arrisca pela certa: ganhou “apenas” 100 mil euros numa sociedade de investimento de capital variável com os suíços da UBS que começou com dez milhões de euros por ser muito calculista nos seus negócios. O gosto pela moda, como se viu nas campanhas que fez para a Mango, onde era a figura principal em termos publicitários, ficou entretanto “adormecido”.

Piqué foi o rosto principal da campanha publicitária da nova coleção da Mango em 2011 (JOSEP LAGO/AFP/Getty Images)

Amante de outras modalidades como o basquetebol ou o ténis (tem a célebre frase “o futebol cria dependência, é pura adrenalina como o último ponto de Wimbledon passadas cinco horas ou um lançamento de Michael Jordan no último segundo, algo que sempre acompanhei”), é no futebol que se destaca. Dentro e fora de campo. E só no último ano conseguiu “pegar-se” em declarações em zonas mistas ou nas redes sociais com o rival Real Madrid, com o líder da Liga Espanhola de Futebol, com os árbitros e com a imprensa, esse alvo que tem sempre na mira.

Até na sua defesa consegue atacar jornalistas, como fez na primeira conferência depois de ter colocado uma fotografia com Neymar onde dizia que o brasileiro iria seguir em Camp Nou. “Continuo a ser amigo dele. E para quem o critica, deixo uma pergunta: alguém que seja do ‘Sport’ e receba uma proposta milionária do ‘Mundo Deportivo’ não é livre de sair? E falam de amor à camisola nesses casos? Aqui o que se passou foi a mesma coisa. Mas devo dizer que quando coloquei a foto era o que eu queria, não o que achava que ia acontecer”, argumentou.

Piqué é isto, alguém diferente que não se sente como tal. Segundo o que explicou à revista Papel, “no balneário do Barcelona fala-se de economia, da sociedade e de política”. “Com o Mascherano, por exemplo, falo de política e de empresas. Alguns não ligam a estes temas, levantam-se e seguem”, acrescentou o defensor assumido do referendo “sem que isso signifique que seja independentista”. “Sou impulsivo, sigo o que penso no momento sem ponderar se isso é algo que vale ou não a pena. Dá-se demasiada importância ao Twitter, para mim é um jogo, mas há pessoas que levam tudo muito a peito, parece que estou a matar alguém”, defende o jogador que costuma citar Warren Buffett e Mark Zuckerberg quando o assunto está ligado às suas empresas e John Lennon quando o tema passa pela sociedade global.

"Parece que todos temos de nos comportar de uma maneira comum a toda a sociedade e não podemos sair dessa linha. Eu, às vezes, gosto de sair. Faço o que sinto no momento e sou feliz comportando-me assim (...) Estamos num mundo tão global que não há bandeiras."

“Parece que todos temos de nos comportar de uma maneira comum a toda a sociedade e não podemos sair dessa linha. Eu, às vezes, gosto de sair. Faço o que sinto no momento e sou feliz comportando-me assim (…) Estamos num mundo tão global que não há bandeiras. É como aquela frase da letra que John Lennon fez, ‘Imagine there’s no countries’. Dizer que somos de um sítio ou de outro é perder tempo. A vida é para ser desfrutada e não para procurar problemas onde eles não existem. Sou espanhol, a minha mulher é metade libanesa metade colombiana, os meus filhos são catalães, espanhóis, libaneses e colombianos”, reforça Gerard Piqué.

Agora, talvez mais do que nunca, o catalão está no olho do furacão e é recebido com assobios na seleção.Piqué, cabrón, fuera de la selección’ ou ‘Piqué, España es tu nación’ foram algumas das frases ouvidas no primeiro treino da Roja, que tenta ainda garantir vaga no próximo Campeonato do Mundo da Rússia, em 2018. É a primeira vez? Não. Mas o contexto que enfrenta nesta altura é quase oposto ao que sentia há dois anos, por exemplo.

Sergio Ramos e Gerard Piqué são as caras da rivalidade Real-Barça, mas vão abrir um negócio juntos (NICOLAS TUCAT/AFP/Getty Images)

Em 2015, quando foi brindado com os mesmos cânticos, isso aconteceu sobretudo à luz da rivalidade Real Madrid-Barcelona, em especial com o central e capitão dos merengues, Sergio Ramos. “A minha relação com ele é muito boa. Aliás, seremos sócios num negócio [o Power to the Players, um projeto ligado às redes sociais onde os desportistas são os únicos protagonistas]. A relação que tenho com ele é fenomenal, não precisamos de aproximar-nos”, disse esta quarta-feira, no prolongamento de uma ideia que já antes tinha sido defendida por um e outro. Agora, tudo gira à volta da política. Mas Piqué não deixa de ser como sempre foi por causa desse tipo de reações. Pelo contrário.

Já depois de ter colocado na conta oficial do Twitter uma imagem sua a votar no referendo de domingo, Piqué foi partilhando alguns tweets ligados à situação da Catalunha sempre com uma carga irónica à mistura. “Alguém pode defender isto?”, com o vídeo de uma carga policial; “Outro votante do ‘não’ a ser provocado e violentado por quem defende o ‘sim’”, com imagens de um jovem com a bandeira de Espanha a passar pela multidão; “Soraya fala, os vídeos desmentem o que argumenta. O início do telejornal da TV3 foi brilhante”, com uma montagem de uma conferência da vice-presidente de Espanha com o que se passou no domingo na Catalunha.

Mas também escreveu a esse propósito. E quando já estava em estágio com a seleção espanhola. “Atuaram com profissionalismo e de forma proporcional”, disse, numa frase que era acompanhada por um vídeo onde a polícia disparava contra alguns dos manifestantes defensores do referendo.

“Foi difícil ter aquela reação quando cheguei, mas o desafio é dar a volta a isso e fazer com que se chegue a bom porto. Se decidiram que deveria estar aqui, estou e vou dar o meu máximo em campo. Não é o meu caso, mas um independentista pode jogar na seleção de Espanha, porque não está contra a Espanha. Existem muitos catalães que querem o seu próprio país, apenas isso. Não acho que esteja na primeira linha de militância. Há um problema em Espanha e é preciso diálogo. Se sou a favor? Os jogadores são figuras globais e não pretendo colocar-me de um lado ou de outro. Adeptos? Gostava que pensassem se é melhor apoiarem a seleção ou estarem a assobiar-me. Pensei em sair mas, se saísse agora, estaria a dar razão aos que acham que o melhor é assobiar-me. Não lhes vou dar esse prazer”, frisou em conferência esta quarta-feira.

O mais fácil neste contexto para o central de 30 anos era seguir um de dois caminhos: ou dizer que não falava sobre o assunto, ou dar a volta ao mesmo pedindo ou não desculpas. Não foi nem por um nem por outro e enfrentou as coisas de frente, assumindo o que defende. Piqué é um homem de contradições, mas recusa alinhar pelo discurso fácil. Também, por isso, é alguém que não passa ao lado de nada nem de ninguém.

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