Centenas de metalúrgicos ucranianos tomaram no final da tarde de quinta-feira a cidade de Mariupol, ganhando controlo das ruas e afastando os separatistas pró-russos, avançou o New York Times. No mesmo dia havia mineiros e metalúrgicos em outras cinco cidades do leste, incluindo na capital Donetsk onde 90% dos votantes do referendo de domingo decidiram a favor da autodeterminação.
De acordo com o jornal norte-americano, ainda é cedo para dizer que os ventos mudaram no leste da Ucrânia, mas o avanço dos trabalhadores foi um golpe pesado para os ativistas pró-Moscovo. Apesar de os separatistas controlarem quase uma dúzia de cidades no país e de contarem com o apoio de 40 mil tropas russas junto da fronteira, as sondagens mais recentes mostram que a maioria dos ucranianos do leste querem o país unido.
Quando o presidente russo Vladimir Putin retirou o apoio aos separatistas, na semana passada, a situação política inverteu-se. Quem pode beneficiar disto, escreve o New York Times, são os oligarcas ucranianos. Os metalúrgicos e mineiros que avançaram por Mariupol e outras cidades trabalham para o homem mais rico da Ucrânia, Rinat Akhmetov, que se opõe à separação do país e terá incentivado os trabalhadores a tomarem controlo da cidade.
As empresas de Akhmetov empregam cerca de 280 mil pessoas no leste da Ucrânia e têm uma história de ativismo político que remonta aos tempos das greves de mineiros que ajudaram a derrubar a União Soviética, lembra o New York Times. Cerca de 50 mil pessoas trabalham nas indústrias do aço em Mariupol, uma cidade com 460 mil habitantes. Neste momento, cerca de 18 mil metalúrgicos juntaram-se às patrulhas nacionalistas.
“Temos de trazer a ordem de volta à cidade”, disse Aleksei Gorlov, um metalúrgico que aderiu a uma das patrulhas não pagas que se organizaram na fábrica Ilyich Iron and Steel Works. As patrulhas são constituídas por seis trabalhadores e dois agentes da polícia.
Mas não são só os metalúrgicos e os mineiros que se organizam em patrulhas para lutar contra os separatistas russos. Como explica o Guardian, estão a ser criadas unidades irregulares de “patriotas ucranianos”, recrutados em todo o leste do país e também em Kiev. As autoridades ucranianas atribuem a estes grupos uma semi-legitimidade e os voluntários têm cerca de 50 horas de treino antes de serem colocados em situações reais de combate.