Um escultura de homenagem a Amália Rodrigues, de 1,75 metros em pedra vermelho de Alicante, sobressai na exposição da escultora e fadista Cristina Maria que será inaugurada na quinta-feira no Panteão Nacional, em Lisboa.

A mostra intitula-se “Esculturas do meu fado” e foi apresentada pela primeira vez há um ano no vizinho Museu do Fado, e percorreu outros espaços, designadamente o Convento de Cristo, em Tomar, o Museu da Cidade de Aveiro, a Casa-Museu Guerra Junqueiro, no Porto, e ainda, no âmbito do Festival Sete Sóis Sete Luas, em Pontedera, na Itália, e já este ano em Frontignam, em França.

Referindo-se à exposição “Esculturas do meu fado”, Cristina Maria afirmou que esta procura “exprimir o duplo sentimento de amar o fado e a cantaria”.

Esta exposição levou cerca de dois anos a preparar, integra apenas esculturas em mármores e calcários pretos e brancos, à exceção da escultura de homenagem a Amália Rodrigues.

“O branco e o negro são, para mim, as cores representativas do fado, destacando-se um vermelho de Alicante que é minha homenagem à minha grande inspiração, Amália Rodrigues”, afirmou Cristina Maria.

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Outra peça relacionada com Amália intitula-se “Barco Negro”, em calcário preto e mármore branco de Angola. O título remete para um tema que a fadista criou no filme “Amantes do Tejo”.

Além de Amália, são homenageados o fadista Fernando Maurício, o guitarrista e compositor Custódio Castelo, o músico Jorge Fernando, o viola baixo Joel Pina e o construtor de guitarras Óscar Cardoso. Estes três últimos marcam presença na cerimónia de inauguração, na qual a fadista, apenas acompanhada por Custódio Castelo irá apresentar alguns temas do seu próximo álbum, “Voz das Mãos”.

Do alinhamento do álbum faz parte “Estranha forma de vida”, um fado de Amália na música do Fado Bailado, de Alfredo Marceneiro, e que marca a estreia da fadista como autora, ao assinar o tema “Que farei de ti meu coração”, em parceria com Abílio Ferro.

O novo álbum inclui poemas, entre outros, de Maria Manuel Cid, “Esta minha guitarra”, Ana Maria Mascarenhas, “Gaivota Perdida”, e de Guilherme Frazão, “Ausente”.

Na exposição de escultura, constituída por 11 peças, “todos os fadistas são homenageados através da escultura ‘Fado menor’, de 1,23 metros de altura, que representa o xaile da fadista em repouso, num cadeirão de ferro, guardando a dor, a solidão e a saudade”, trata-se de “uma escultura em mármore ruivina e ferro”, explicou.

A Canção de Coimbra é homenageada com “Verdes Anos”, em calcário preto do Alqueidão da Serra e mármore branco da Grécia, remetendo o seu título para a composição homónima de Carlos Paredes.

A escultura dedicada a Custódio Castelo, músico que habitualmente acompanha a fadista, intitula-se “Inquietude”, é em ferro e em calcário preto do Alqueidão da Serra e tem 1,60 metros.

“Procurei, através da pedra, exprimir inovação, genialidade, criação e forma de reinventar o instrumento, como acompanhador e também como solista, do músico Custódio Castelo”.

Paralelamente a artista apresenta, pela primeira vez, também no Panteão, uma coleção de joias com base nas pedras que habitualmente trabalha, denominada “Memórias do Destino”.

A exposição é definida por Cristina Maria como “uma mostra de mini-esculturas”.

“Nestas mini-esculturas utilizei mármores de diversas origens, nacionais e estrangeiras e acrílico, sendo ornamentadas a prata”, explicou a artista plástica, que destacou a peça “Bouquet”, pela “sua singularidade”.