Os herdeiros do autor de Sherlock Holmes apresentaram um recurso ao Supremo Tribunal dos Estados Unidos num caso que envolve a propriedade intelectual do célebre detective, com mais de um século de idade.

Sherlock Homes e o seu amigo Dr. Watson surgiram pela primeira vez em 1887, da pena do escritor escocês Arthur Conan Doyle, e protagonizaram quatro romances e 56 novelas publicados nos Estados Unidos até 1927.

As publicações passaram, entretanto, ao domínio público, exceto as dez últimas, editadas entre 1923 e 1927, que continuam sujeitas a direitos de autor até 31 de dezembro de 2022.

“Sherlock Holmes e o Dr. Watson não são estáticos, são personagens literárias dinâmicas que mudam e evoluem ao longo da obra”, escreveram os herdeiros de Sir Conan Doyle no recurso que apresentaram ao Supremo Tribunal.

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“Muitos aspetos da natureza destas personagens não são revelados antes das dez últimas publicações”, acrescenta o “The Estate of Sir Arthur”, entidade que recebe os direitos de autor quando o detetive e o seu amigo médico são usados no cinema, televisão ou na literatura.

É o caso do escritor Leslie Klinger, que reuniu várias histórias inspiradas em personagens célebres, sob o título: “Estudo de Sherlock: histórias inspiradas na obra de Sherlock Holmes”. A sua editora pagou uma licença pela primeira recolha, em 2011, que cita elementos das últimas dez novelas.

Mas para o segundo livro, que Klinger quer batizar “Na companhia de Sherlock Holmes”, o escritor acredita que não infringe os direitos de propriedade intelectual e pediu a autorização da justiça antes de avançar com a publicação.

Um tribunal de recurso de São Francisco decidiu a seu favor, a 16 de junho passado, mas os herdeiros de Doyle consideram que Klinger “não submeteu o manuscrito do seu livro” à justiça, apenas uma vaga “lista de elementos narrativos que não incluem explicitamente os personagens de Holmes e Watson, mas elenca traços de caráter e ideias como “solitário”, “patriota” ou “fumador”.

Klinger, que criou um site chamado “free-sherlock.com”, argumenta que o livro evoca personagens criadas antes de 1923 e que já entraram, por isso, em domínio público.

O Supremo Tribunal vai decidir no outono se vai ocupar-se do caso. Se assim for, determinará numa segunda fase, se confirma, ou não, a sentença do tribunal de recurso.