A agência de rating Standard&Poors (S&P) afirmou ao Jornal de Negócios que a crise no Banco Espírito Santo (BES) pode ter impacto no rating da dívida pública portuguesa caso o “banco altamente sistémico para a economia de Portugal continuar em dificuldades”.

O Negócios conversou com a Moody’s e com a S&P e ambas as agências afirmaram que a crise que rodeia a família Espírito Santo não tem um impacto directo no rating da dívida portuguesa, mesmo que seja preciso recorrer aos fundos de recapitalização da banca, associados ao programa de ajustamento.

“Como estes fundos já integram a dívida pública de Portugal, não deverá haver um impacto directo no actual rating“, caso o Estado tenha de intervir, avançou Marko Mrsnik, analista da S&P, ao mesmo jornal. “No entanto, as implicações últimas para o rating dependerão do impacto para as perspectivas de crescimento económico das dificuldades que este banco – altamente sistémico – está a viver”, acrescentou.

A S&P cortou o rating do BES e do Banco Espírito Santo de Investimento (BESI), em dois níveis, para B-, o penúltimo nível da escala de dívida considerada altamente especulativa, na quarta-feira, 16 de julho. Cinco dias antes, a 11 de julho, a agência já tinha cortado o rating em quatro níveis, deixando-o em revisão para mais cortes.

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A agência justificou o corte com o facto de a probabilidade da Espírito Santo Financial Group (ESFG) sofrer mais com o impacto negativo da sua exposição e ligação à ESI e outras empresas entidades dentro do Grupo Espírito Santo (GES) ser agora maior.

Esta quinta-feira, a Moody’s também reviu  em baixa o rating da dívida de longo prazo da Espírito Santo Financial Group (ESFG) em dois níveis, de ‘Caa2’ para ‘Ca’, aproximando-se de incumprimento. “A descida da ESFG reflete a subida do risco de incumprimento da ESFG e as perdas significativas dos credores da ESFG resultado dos recentes desenvolvimentos na ESFG e dos seus acionistas indiretos com problemas”, justifica a agência norte-americana em comunicado, referindo-se à Espírito Santo International (ESI) e à Rioforte, segundo a agência Lusa.