Carlos Moedas foi a escolha do primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, para Comissário Europeu, depois de Jean-Claude Junker não ter dado garantias que se deixasse partir Maria Luís Albuquerque iria atribuir-lhe um cargo na área das Finanças. Mas, pelos vistos, não foram só nomes do PSD que estiveram em cima da mesa. Paulo Portas, vice-primeiro ministro, sugeriu o nome do socialista Jaime Gama para Comissário Europeu, conta a edição deste fim de semana do Expresso.

Portas defendia que a escolha devia recair sobre um político, com um currículo forte e dimensão nacional, de forma de compensar o facto de Portugal deixar de ter a presidência da Comissão Europeia. Jaime Gama, ministro dos Negócios Estrangeiros durante o governo socialista de António Guterres, terá sido a sugestão do vice primeiro-ministro, que terá argumentado que seria “um gesto de compromisso nacional”, escreve o semanário. Mas tal não se veio a concretizar, como já se sabe.

O Observador também sabe que houve outro nome do Partido Socialista na mesa. Luís Marques Mendes, ex-ministro dos Assuntos Parlamentares, chegou a dizer a Passos que Luís Amado seria um bom nome para o cargo.

Segundo confirmou o Observador, na passada sexta-feira, Moedas era precisamente o nome que Passos Coelho levava para Bruxelas há duas semanas, na cimeira em que os nomes de topo da futura Comissão Europeia foram discutidos entre os líderes. Mas nessa altura Juncker, já designado e aprovado pelo Parlamento Europeu, surpreendeu o primeiro-ministro dizendo-lhe que gostaria de contar nessa equipa com Maria Luís Albuquerque. Passos não lhe disse que não e voltou a Lisboa disposto a fazer uma avaliação dos prós e contras desta opção.

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Na reação ao anúncio do nome português para a Comissão Europeia, António José Seguro, afirmou que Moedas “não corresponde a nenhum dos itens” necessários: “Prestígio, reconhecimento dos pares e trabalho europeu”. “Não se lhe conhece uma ideia, uma proposta ou um conhecimento sobre a Europa”, disse Seguro, em conferência de imprensa na sede do PS, no Largo do Rato, em Lisboa. “É uma escolha estritamente partidária”, acrescentou, argumentando que Passos não ouviu “os apelos do PS ao consenso”.

Passos defende Moedas

Na sexta-feira, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho afirmou que Carlos Moedas “não tem nenhum handicap que o torne uma escolha menos boa face aos seus colegas” escolhidos para a Comissão Europeia. E garantiu que a escolha do atual secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro para comissário europeu foi com base na “competência” que tem para o cargo.

Nas palavras de Pedro Passos Coelho, que falou aos jornalistas na Manta Rota no seu primeiro dia de férias, Carlos Moedas dará “um excelente comissário europeu” porque tem “condições e competência para desempenhar variadíssimas funções” na equipa de Jean-Claude Juncker. A pasta que o comissário português vai assumir na Comissão ainda não está definida, mas a indicação é de que pode ser económica.

Apesar de nunca ter sido comissário europeu, Passos garante que Moedas, que estava responsável pelo acompanhamento das avaliações da troika, “está ao mesmo nível de outros candidatos que foram ministros”.