“Não matem o mensageiro”. Há frases que parecem eternas, mas que nunca saem de moda. A execução do jornalista norte-americano James Foley, responsabilidade do grupo jihadista Estado Islâmico, volta a aumentar o número de vítimas que têm como missão informar e contar o que se passa. Segundo o Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), são já 31 os profissionais mortos em 2014. A Síria lidera a lista de locais onde os repórteres tombaram com cinco óbitos, a que se seguem Iraque, Faixa de Gaza e Ucrânia com quatro; com dois surgem Afeganistão e Brasil. Depois há vários países com “apenas” um: México, Líbia e Somália, são exemplos.

Segundo a Reuters, baseada em números do CPJ, 741 jornalistas foram mortos desde 2000 — 2.012 foram detidos. Se estendermos este período a 1992, foram 1.070 os profissionais de comunicação social mortos. Os países mais problemáticos são Iraque (165 jornalistas mortos desde 1992), Filipinas (76), Síria (67), Argélia (60) e Rússia (56).

A evolução das detenções dos jornalistas tem sido igualmente impressionante. Em 2013 foram aprisionados 211 jornalistas. Em 2010 esse número foi 145, enquanto em 2005 registaram-se 125. A Turquia é a campeã das detenções (40) e é seguida do Irão (35), China (32), Eritrea (22), Vietname (18) e Síria (12). Em 2000, foram registadas “apenas” 81 detenções. Desde então tem sido registada uma subida significativa: em 2011 foram aprisionados 118 jornalistas. Não deverá ser alheio o facto de ter acontecido neste ano o ataque da Al-Qaeda ao World Trade Center (11 setembro, 2001), o que direcionou o foco e a agenda mediática para o Médio Oriente. Não surpreende, por isso, que o Iraque a Síria estejam no top de países onde morrem mais jornalistas.

Estes números poderão ter de ser atualizados brevemente. É que o Estado Islâmico diz ter em cativeiro Steven Sotloff, um outro jornalista norte-americano, que admite matar se os Estados Unidos não pararem os ataques às instalações e equipamentos do grupo jihadista. A resposta da Casa Branca, assim que foi confirmada a veracidade do vídeo da decapitação de Foley, foi implacável: 14 ofensivas aéreas em Mosul, no Iraque, que terão destruído viaturas, equipamentos e explosivos do EI.

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