A Associação dos Industriais de Tomate (AIT) está a “monitorizar” e a acompanhar “com especial atenção” o embargo da Rússia aos produtos agropecuários ocidentais, não tendo até ao momento sentido os efeitos da medida, disse fonte do setor à Lusa.

Miguel Cambezes, secretário-geral da AIT, disse à Lusa que este embargo “ainda não teve especial relevância no setor”, que espera ter este ano uma das maiores campanhas de sempre se se mantiver o ritmo da colheita iniciada no final de julho e se o tempo ajudar.

O secretário-geral da AIT participa hoje de manhã numa iniciativa na fábrica da Sumol+Compal, em Almeirim, que tem como convidado o presidente do município, Pedro Ribeiro (PS), num gesto de reconhecimento pelo seu papel na alteração legislativa que permite um acréscimo de peso no transporte de matérias-primas agrícolas nos meses da campanha de recolha.

“O setor contou com um aliado político importante, alguém que foi porta-estandarte e disse em voz alta” o que vinha sendo reclamado há muito, numa “ajuda preciosa” a que fosse aprovado o decreto-lei que viabiliza a pretensão e também a que haja “bom senso” da parte das forças policiais até à publicação do diploma em Diário da República, declarou.

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Miguel Cambezes realçou a importância desta medida para um setor que exporta praticamente toda a produção e em que todos os fatores contam para conseguir preços competitivos, lembrando que a matéria-prima representa quase metade do custo da transformação.

Depois de um ano (2013) “catastrófico” para o setor, 2014 apresenta-se com excelentes perspetivas, não só pelo aumento da área cultivada (mais 30%) como pelo rendimento esperado por hectare, esperando-se que a campanha se situe acima das 1,3 milhões de toneladas de tomate transformado, quando o ano passado ficou abaixo do milhão.

Miguel Cambezes sublinhou que o setor trabalha em Portugal “com margens muito curtas”, conseguindo competir pelo preço e pela qualidade com países como os Estados Unidos (Califórnia) e a China.

O setor do tomate nacional, que exporta 95% da sua produção, é um dos maiores exportadores a nível mundial e, a nível nacional, é a terceira indústria agroalimentar depois do vinho e da cortiça.