O Instituto Nacional de Estatística cortou hoje a metade o crescimento que tinha previsto para a economia no segundo trimestre deste ano, que em vez de 0,6% terá sido apenas 0,3% do PIB face ao trimestre anterior — mas já de acordo com a nova base de contas que fez alterações na forma de contabilização do PIB.

Na estimativa rápida, divulgada a 14 de agosto, o INE previa que o PIB tivesse crescido 0,6% no segundo trimestre face aos primeiros três meses do ano, quando no primeiro trimestre tinha caído na mesma proporção, 0,6%.

Agora, com a nova base de contas, o INE calcula que a contração que se verificou nos primeiros três meses do ano tenha sido inferior em uma décima, -0,5% do PIB em vez dos -0,6% do PIB, mas que o crescimento se seguiu seja ainda mais pequeno, 0,3% do PIB em vez dos 0,5% estimados.

Este resultado deve-se em grande à mudança na base de contas, mas também na introdução de ajustamentos de efeitos de calendário – o que neste caso serviu para descontar o efeito do feriado móvel da Páscoa – e que teve especial impacto nas taxas de variação em cadeia (trimestre a trimestre).

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No total dos primeiros seis meses do ano, a economia está a crescer 0,9%.

Com este resultado, a economia apresenta-se em terreno mais negativo que o esperado no último destaque no INE, o que pode fazer com que seja mais difícil que a previsão do Governo de um crescimento de 1% do PIB se concretize no final do ano.

A nova forma de contabilização do PIB provocou um aumento do valor nominal do PIB (em euros) para os anos anteriores. A taxa de variação em volume foi revista em baixa em uma décima em 2012, para -3,3% e manteve-se nos -1,4% em 2013, mas o valor nominal do PIB foi revisto em 3,4% face à última estimativa. Ou seja, a recessão teve a mesma magnitude, mas o efeito de preço foi revisto em alta.

O INE explica que para o resultado do segundo trimestre em muito contribuiu o abrandamento da procura interna, que tinha dado um contributo de 3,3 pontos percentuais para o crescimento homólogo do PIB no primeiro trimestre, o que desceu para apenas 1,9 pontos percentuais no segundo trimestre.

Esta queda deve-se especialmente ao abrandamento no investimento, explica o INE. A procura externa líquida registou um contributo negativo menos expressivo para a variação do PIB, passando de -2,3 pontos percentuais nos primeiros três meses do ano para -0,9 pontos percentuais no segundo trimestre, em especial devido ao abrandamento nas importações.