Somos sete mil milhões. Mas, até ao final do século XXI, podemos ser doze mil milhões. De acordo com um estudo científico publicado na quinta-feira na revista Science, é improvável que um dos cenários até agora considerados pelas Nações Unidas — o da estagnação do crescimento demográfico mundial — se venha a verificar.

“O consenso ao longo dos últimos 20 anos tem sido que a população mundial, que hoje ronda os sete mil milhões, iria aumentar até aos nove mil milhões para a seguir estabilizar ou talvez declinar”, explica Adrian Raftery, um dos autores do estudo, através de um comunicado publicado na página da Universidade de Washington. “Mas nós descobrimos, pelo contrário, que a probabilidade de a população mundial não vir a estagnar neste século é de 70%. A demografia, que tinha sido descartada da agenda mundial, continua a ser essencial”.

De acordo com os autores do estudo, existe 70% de probabilidade de, em 2100, sermos entre 9.6 mil e 12.3 mil milhões de habitantes. Para este crescimento, o maior contributo virá da África subsariana, cuja população deverá quadruplicar até 2100. “Existe uma probabilidade de 95% para que a população daquele continente, hoje de cerca de mil milhões, passe para algo entre 3.1 mil milhões e 5.7 mil milhões de pessoas. Isso tornaria a densidade populacional de África mais ou menos igual à da China atual”, escrevem os cientistas.

O estudo justifica este aumento através da persistência dos elevados níveis de fecundidade na região. “As nossas projeções indicam que há poucas hipóteses de o crescimento demográfico acabar se não houver um declínio sem precedentes da fecundidade na maior parte da África subsariana onde ainda se verifica um rápido crescimento da população”, lê-se no estudo. Contudo, “o rápido crescimento populacional poderia ser moderado através de maiores investimentos nos programas de planeamento familiar (…) e na educação das raparigas” e das mulheres.

De acordo com o estudo, espera-se um maior envelhecimento populacional na China, Brasil e Índia, o que pode fazer com que estes países tenham de enfrentar novos desafios relacionados com o seus sistemas de pensões.

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