Glasgow, véspera do dia marcada para os escoceses irem às urnas. Gordon Brown, um dos sete escoceses que, desde 1707, chegaram ao nº 10 de Downing Street, sobe ao palco para um discurso a favor do Não. Foram treze minutos de uma retórica poderosa que recuperaram a imagem do político mal-amado que viveu na sombra de Tony Blair para, depois, perder para David Cameron a sua primeira eleições como líder trabalhista.

Ontem, na newsletter do Observador do fim do dia, o Macroscópio, José Manuel Fernandes descrevia assim este discurso:

“Passem palavra: ainda é possível fazer grandes discursos políticos. Sem papéis. Sem teleponto. Com alma. Com tudo a vir de dentro, a soar sincero, verdadeiro, arrebatador. Com uma retórica tão poderosa que nos remete para Cícero e para Shakespeare”.

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E mais: “Esqueçam Obama. Esqueçam Tony Blair. Esqueçam os speechwriters. Deixem-se arrepiar com um grande discurso à moda antiga. Concordem ou não com os argumentos e as conclusões, que saudades de ouvir algo assim, tão intenso.”

Hoje de manhã, na newsletter 360º, David Dinis voltava a referir-se-lhe. “Agora que o “nay” ganhou, e porque este é um ato político tão belo e raro”, assistam a este discurso: “13m36 que me deixaram a tremer”.

Já se fala da hipótese de Gordon Brown, assim regressado aos palcos mais importantes da política, poder vir a liderar os trabalhistas escoceses no confronto com o SNP de Alex Salmond nas próximas eleições regionais. Seria um extraordinário desenvolvimento.