O PCP até alterou o texto do requerimento que cria a comissão de inquérito ao BES para que todos os partidos estejam de acordo, e estiveram no voto por unanimidade para que fosse criada a comissão de inquérito, mas PSD e CDS, se concordam com os objetivos do inquérito parlamentar, não concordam com muitas das considerações iniciais dos partidos mais à esquerda. Esta sexta-feira, no debate parlamentar, todos os partidos se comprometeram “ir até ao fim” para “apurar todas as responsabilidades” no caso BES. A investigação na Assembleia da República só começa em outubro.

O fim, dizem, é o mesmo: apurar as responsabilidades no caso BES, seja os responsáveis do Grupo Espírito Santo, seja o regulador Banco de Portugal, desde 2008.

Foi isso mesmo que o deputado Duarte Pacheco disse em nome do PSD. O social-democrata referiu que neste caso há “indícios de comportamentos fraudulentos que devem ser investigados e apuradas responsabilidades” e que importa ir “até às últimas” consequências para o fazer. Nas notas sobre a ação do partido daqui para a frente – já tinha referido na SICN a necessidade de uma comissão de inquérito que não atrapalhe a venda do Novo Banco -, disse que o PSD “não tem qualquer reservas” à comissão de inquérito e quer avaliar tudo desde 2008. E lança o aviso de que é preciso, no entanto, que os deputados trabalhem com seriedade.

Mais ou menos na mesma linha foi a deputada do CDS, Cecília Meireles, mas mais crítica em relação à atuação do Banco de Portugal. A deputada centrista disse que “discorda e muitas vezes com veemência de muitos dos considerandos do PCP”, mas voltou a colocar dúvidas sobre a necessidade de auditorias internas aos bancos e quer ver explicado o último aumento de capital.

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O PCP, que foi o partido a promover este inquérito assumiu as diferenças para os partidos da maioria. João Oliveira, depois de ouvir PSD e CDS a insistirem que não concordam com muitos dos considerandos, respondeu dizendo que “não pede” para que os partidos “assumam as nossas posições”. E na intervenção, o líder parlamentar do PCP referiu que o importante é que a comissão aconteça porque o BES é o “caso cabal de como o setor financeiro funciona hoje com o objetivo de acumulação de lucro”. “Não é admissível que um banco possa funcionar à margem de qualquer controlo”, finalizou.

O PS optou por, com ironia, lembrar os “rigorosos testes de stress do Banco Central Europeu” aos bancos, disse António Braga. E alinha na mesma ideia de que é necessário clarificar o aumento de capital em que no “dia fatídico” se transacionaram milhões de euros em mercado.

Também o Bloco de Esquerda aprovará a comissão de inquérito, mais ou menos pelos mesmos objetivos. A deputada Mariana Mortágua defendeu que o “BES não é caso único” e que é de uma “importância sistémica” na economia portuguesa ou não estivesse estado presente “em 16 dos 19 governos portugueses com 25 ministros e secretários de Estado”. No que à ação da comissão diz respeito, a bloquistas quer que este não seja um “exercício de passa-culpas ou mais um exercício de branqueamento de responsabilidades”.

A criação da comissão de inquérito foi aprovada por unanimidade dos deputados. Não houve nem votos contra nem abstenções.