Os corpos de pelo menos 28 pessoas foram encontrados carbonizados em valas comuns na cidade de Iguala, no centro do México. Essas pessoas deverão fazer parte de um grupo de 43 estudantes que foram dados como desaparecidos no fim de setembro, na sequência de confrontos com a polícia local. Como existe a suspeita de que as forças policiais da cidade se juntaram com um grupo ligado ao narcotráfico, o governo central mexicano decidiu enviar o exército e agentes federais para garantir a paz na zona.

Segundo o procurador do estado de Guerrero, onde a cidade de Iguala se situa, os corpos encontrados foram regados com combustível e posteriormente queimados antes de serem enterrados nas valas comuns, que serão pelo menos seis. A 26 de setembro, membros da polícia de Iguala participaram num tiroteio em que morreram seis estudantes de uma escola de Ayotzinapa (uma vila a cerca de 130 quilómetros de Iguala) que se tinham deslocado à capital do estado de Guerrero para pedir donativos para os professores rurais, cujo salário, alegam, é inferior aos dos professores das cidades. Além dos seis estudantes mortos e dos 25 feridos, algumas testemunhas, que preferiram manter o anonimato numa das mais conturbadas zonas do México, afirmam ter visto dezenas de pessoas a ser transportadas em carros da polícia local.

Os motivos para o tiroteio não foram, aparentemente, descobertos, mas 22 agentes da polícia de Iguala acabaram detidos por uma alegada associação com o grupo criminoso Guerreros Unidos. Foi na sequência da detenção destes agentes que foi possível descobrir as valas comuns, que se situam numa zona apenas acessível a pé, depois de uma caminhada de 40 minutos, nos arredores de Iguala.

O México vive há anos a uma guerra contra os grupos de narcotráfico e os casos de execuções em massa até não são pouco frequentes, mas, ainda assim, o caso chocou o país e até levou o presidente, Enrique Peña Nieto, a declarar-se “indignado e consternado” com os acontecimentos. Nieto chegou ao poder em 2012 com a promessa de pôr um fim às sangrentas guerras no México, que, só desde 2007, já provocou a morte a mais de 100 mil pessoas. A identificação dos corpos encontrados esta terça-feira poderá demorar entre duas semanas e dois meses.

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