O BCP terá sido um dos bancos chumbados no teste de stress do BCE cujos resultados são divulgados este domingo. O banco tentou, contudo, convencer o banco central de que numa crise como a simulada no cenário mais adverso destes testes, o banco poderia vender a operação na Polónia. Algo que está previsto e negociado com Bruxelas, no plano estratégico do banco, caso o banco não devolva o empréstimo estatal a tempo. O BCE não aceitou.

As últimas três semanas foram de negociação dura entre BCP e Banco de Portugal, de um lado, e BCE do outro, diz a TSF este domingo. Houve várias reuniões, em Lisboa e Frankfurt e uma longa troca de argumentos, considerada como positiva por algumas fontes citadas pela rádio, mas que acabou com o BCE a fechar-se numa posição irredutível.

O BCP reembolsou 1.850 milhões de euros do empréstimo estatal este ano e conta pagar o que resta (750 milhões) até ao início de 2016. Nos testes de stress do BCE, a venda do Millenium Bank Polónia seria suficiente para trazer o rácio de capital “core Tier 1” dos 3,5% para os 5,5% exigidos como mínimo no cenário macro mais adverso. Por outras palavras, seria suficiente para evitar um chumbo por parte do banco nacional.

Fontes ligadas ao processo confirmam que essa operação, que permitia um ganho de mais de 200 pontos-base no rácio de capital do BCP, chegou a receber luz verde da equipa de supervisão do BCE que trabalhou diretamente com a banca portuguesa nestes testes, mas acabou chumbada em Frankfurt, pela cúpula do Banco Central Europeu. Na barreira, estavam a responsável francesa pelo mecanismo único de supervisão, e um dos vice-governadores do BCE, o antigo governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio.

Algumas fontes citadas pela TSF dizem compreender a posição do BCE. Lembram que a dureza destes testes é essencial para credibilizar a supervisão, e que a queda do BES tornou inevitável um cuidado especial com a banca portuguesa.

 

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