A população da Catalunha vive este domingo uma jornada histórica em que poderá votar, ainda que sem qualquer efeito vinculativo, se quer que a Catalunha seja um Estado e, se sim, se quer que esse Estado seja independente.

Identificado como ‘processo participativo’, a consulta decorre num ambiente de dúvidas e tensão sobre exatamente o que vai ocorrer, incluindo se as urnas abrem ou não, se haverá intervenção da policia para a cerrar e sobre qual será a eventual participação.

Quase 41 mil voluntários, que se inscreveram em apenas duas semanas, serão os responsáveis por organizar a jornada, com uma votação contestada e travada repetidas vezes pelo Governo central espanhol.

No ato de “participação” popular podem votar todos os cidadãos catalães residentes na Catalunha ou no estrangeiro que sejam maiores de 16 anos e todos os estrangeiros que residem na região, também maiores de 16.

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Não há um censo oficial, pois a convocatória formal da consulta está suspensa pelo Tribunal Constitucional, mas centenas de milhares de pessoas foram já consultar a página Participa2014.cat para saber onde podem exercer o seu direito de voto.

Para isso, foram instalados 6.695 pontos de participação, distribuídos por 1.317 locais de votos (dos quais 600 são escolas), em 942 dos 947 municípios da Catalunha.

Fora da Catalunha, haverá 19 pontos de votação, nos escritórios do Governo catalão em cidades como Paris, Londres, Nova Iorque, Sydney e São Paulo.

Mais de 600 jornalistas de vários países estão acreditados para acompanhar a votação, tendo sido criado para o efeito um centro de imprensa onde se farão as comunicações oficiais durante a jornada de voto.

O presidente do Governo regional, Artur Mas confirmou que será o Governo regional que fará a contagem dos votos e que comunicará os resultados.

Deverão ser feitas três conferências de imprensa para comunicar dados de participação, às 14:00, 19:00 e 22:30.

Durante a jornada de domingo, estarão destacados em toda a Catalunha 2.236 efetivos dos Mossos d’Esquadra – a polícia regional – e 4.756 outros como reforço, segundo anunciou o “ministro” regional do Interior, Ramon Espadaler.

No sábado, véspera do voto, a procuradoria superior da Catalunha disse ter iniciado investigações para apurar, entre outros aspetos, os locais de titularidade pública onde vai decorrer a consulta de domingo e ainda informação sobre a distribuição de publicidade sobre esse ato.

Em comunicado, a procuradoria explica ter remetido um ofício ao Departamento de Educação do Governo regional para que informe sobre se convocou ou não reuniões com responsáveis de centros públicos para solicitar o uso desses centros para a realização da consulta.