O secretário-geral da Federação Nacional de Professores (FENPROF) defendeu hoje a demissão do ministro da Educação, considerando que se tornou “um efetivo tóxico ativo” a ser removido e uma espécie de “legionella que ataca a escola pública”. “Sabemos que as políticas não se alteram com a mudança de ministros, mas há limites abaixo dos quais estes deverão demitir-se ou ser demitidos”, disse Mário Nogueira discursando no Funchal, no encerramento do 11º congresso do Sindicato dos Professores da Madeira.

Segundo o sindicalista, “Nuno Crato há muito que passou essa fronteira e, neste momento, mais do que uma solução, a equipa do ministério da Educação e Ciência, que tem vindo a desfazer-se aos poucos, é um problema real do setor, pois transformou-se num efetivo tóxico ativo, que deverá ser removido com a toda a urgência”. O responsável comparou a equipa deste ministério a “uma espécie de legionella que ataca a escola pública de qualidade”.

Dirigindo-se aos que começam a “baixar os braços”, Mário Nogueira argumentou que se não fosse a luta, os governantes teriam “conseguido ir mais longe” nas medidas lesivas do sistema educativo e da carreira dos professores. “Não nos limitamos a resistir, mas alcançamos coisas e coisas importantes ao longo dos últimos quatro anos”, salientou.

Mário Nogueira adiantou também que “mais medidas estão na calha, como a aplicação da mobilidade especial, o pagamento às câmaras municipais pelo afastamento das escolas do seu concelho de professores que nela são precisos, avaliando em 13.600 euro o custo por cabeça”, além da tabela única e da “absurda prova de avaliação de conhecimentos (PAC).

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“Por isso, temos pela frente políticas e medidas que nos irão exigir muito” vincou, assegurando que esta estrutura sindical “não cederá em princípios, sendo resistentes, resilientes, proponentes e lutadores”. O dirigente da FENPROF realçou que todos reconhecem “a necessidade de mudanças profundas, o que não há é consenso sobre o rumo que tais mudanças deverão seguir”, destacando, entre outros aspetos a necessidade de “travar com urgência o nada inocente processo de municipalização”.

Mário Nogueira opinou ainda que os ministros da Educação fazem questão de ser recordados pelas medidas e reformas que protagonizam, mas, no seu entender, “o que tem acontecido é que mais do que a sua impressão digital, muitos o que têm deixado no tecido educativo é uma nódoa de difícil remoção, algumas ainda hoje a marcar indelével e negativamente o caminho que é percorrido”.

“Nunca substituiremos a ação nas escolas, com os professores pela de gabinete onde outros desenvolve as suas negociatas, legitimam medidas muito negativas para os professores”, assegurou o secretário-geral, concluindo que “não podemos deixar às gerações futuras um país mais próximo do 24 e abril”. Esta sessão contou com a presença do Representante da República, Ireneu Barreto, o qual opinou que o “Estado contribuiu para a erosão da autoridade dos professores”, sendo de “questionar” se os docentes “não foram por ele e a sociedade abandonados”.