Até há uns anos, contavam-se talvez pelo dedo das mãos os turistas que já tinham ouvido falar de Koh Rong. Situada no Golfo da Tailândia, muito perto do Cambodja, a ilha não tinha qualquer notoriedade.
Além de notoriedade, a ilha não tinha também as mais básicas estruturas de saneamento e eletricidade. Que, aliás, ainda não tem por completo. Alguns hostels da ilha ainda não têm casa de banho, por exemplo, mas permitem dormir quase em cima do mar por preços muito acessíveis, que têm atraído cada vez mais turistas de mochila às costas da Europa, dos Estados Unidos e da Austrália.
Mas não só de backpackers se faz a vida de Koh Rong. Em 2013, a versão francesa de Survivor foi gravada lá, este ano, já as televisões búlgara, espanhola e norte-americana se deslocaram à ilha para produzir as suas versões do programa, no qual um conjunto de concorrentes é deixado à sua sorte.
Ou seja, aquele que parece ser um dos últimos paraísos do Sudeste Asiático está a começar a ganhar fama e a ser ameaçado. “Havia perto de 300 turistas na ilha em qualquer altura no ano passado; agora há mais de 700”, escreve Lisette Cheresson para o site mundial de viagens Matador.
“Koh Rong ainda é a última festa autêntica do Sudeste Asiático, mas é também o espelho do que o fluxo de turismo e o desenvolvimento desregulado e irrestrito pode fazer a um sítio em desenvolvimento”, afirma.
Segundo o El Mundo, “as melhores praias da ilha”, que são 28, “estão na costa ocidental sul, totalmente desabitada”. Entre elas, o jornal espanhol destaca Sok San, “sete quilómetros de finas areias brancas banhadas por calmas águas esmeralda”. Foi nesse local que a produtora francesa do Survivor decidiu montar a sua base – com capacidade para 150 pessoas.
Koh Rong está, assim, na fronteira entre destino turístico paradisíaco e destino turístico sobrelotado. “Enquanto a verdadeira festa – a busca do prazer real – acaba, a outra festa está apenas a começar”, avisa Lisette Cheresson.