A erupção do vulcão na ilha cabo-verdiana do Fogo voltou a abrandar, o que tem permitido às autoridades locais focarem-se na aplicação do plano de emergência caso a lava venha a destruir mais localidades, disse esta terça-feira fonte oficial.

Em declarações à agência Lusa, Aleida Monteiro, do Gabinete de Comunicação do Governo de Cabo Verde, indicou que a madrugada de hoje manteve o quadro calmo registado desde a tarde de segunda-feira e que a prioridade agora é deixar preparadas as instalações para receber eventuais deslocados das localidades que podem ser afetadas.

“Os voluntários estão a montar tendas (de campanha) em Mosteiros (norte da ilha do Fogo) para que tudo fique pronto para qualquer eventualidade”, salientou a assessora governamental, referindo-se à possibilidade de a lava atingir, já na descida da encosta, os povoados de Cutelo Alto e Fonsaco, com cerca de 2.400 habitantes.

As duas povoações situam-se na encosta norte/nordeste da ilha, próximo de Mosteiros, a segunda maior cidade do Fogo, e é nelas que se centra a maior preocupação das autoridades, uma vez que, “tendencialmente”, tudo aponta para que seja o rumo que a lava tomará, sem descartar, porém, outras localidades mais a leste.

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A partir do final da tarde de sábado e até à tarde de domingo, a intensificação das erupções vulcânicas das quatro crateras em erupção em Chã das Caldeiras provocou um aumento significativo de lava no terreno, destruindo totalmente as localidades de Portela e Bangaeira, cujos quase 1.500 habitantes foram previamente retirados.

Hoje de manhã, disse Aleida Monteiro à Lusa, a lava está praticamente no mesmo local de segunda-feira à noite, 500 metros depois de Bangaeira, onde formou uma “espécie de lago” no vale contíguo em direção ao casal, desabitado, de Fernão Gomes, a pouco mais de 3,5 quilómetros de Monte Velha.

É a partir de Monte Velha, localidade onde nasceu o ex-presidente cabo-verdiano Pedro Pires, que a inclinação do terreno se acentua, pois começa a descida desde os quase 2.000 metros de altitude para o nível do mar, o que permitirá um eventual avanço rápido da lava, caso a torrente se intensifique.

Neste momento, disse, as equipas científicas, de segurança e médicas estão no terreno, com a primeira a acompanhar, “ao minuto”, todos os desenvolvimentos da atividade vulcânica, pelo que, se a situação se agravar no vulcão, haverá tempo suficiente para retirar as população em segurança.

Aleida Monteiro, reiterando os apelos à calma e serenidade das populações, adiantou que chegam hoje a São Filipe mais equipamentos de apoio e de assistência humanitária, sobretudo tendas, no quadro do plano de emergência.

Até agora, o Governo cabo-verdiano reinstalou 850 dos 1.500 desalojados de Portela e Bangaeira nos três centros de acolhimento entretanto criados. Os restantes estão em casa de familiares ou de amigos.

Até agora, e apesar da vasta destruição causada pela lava, vinda da 27.ª erupção vulcânica de que há registo na ilha do Fogo – a primeira foi assinala em 1500 – não há vítimas.