Começa a ser apontada como próxima líder do PSD, mas Maria Luís Albuquerque tem outro cenário pensado para o partido, no pós-legislativas: “O dr. Pedro Passos Coelho tem demonstrado ser um líder muito forte, muito convicto, muito preocupado com o interesse do país. E acho que seria sempre um excelente líder – com um contributo relevante para o país – quer à frente do Governo, quer à frente, eventualmente, da oposição”, diz a atual ministra de Estado e das Finanças, em entrevista ao Observador.

A frase, dita em resposta a uma pergunta teórica, foi de novo sublinhada depois de Maria João Avillez ter insistido na questão (concorda, então, com um líder que diz ao partido e ao país – ‘eu não conto ir-me embora’?). E sem margem para dúvidas: “Concordo em absoluto. Acho que é um sinal de maturidade democrática, porque o que nós mais encontramos por essa Europa fora são casos de líderes partidários que passam do Governo para a oposição e frequentemente voltam ao Governo. Pode ser estranho para nós, mas não é estranho no panorama democrático.”

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A “maturidade democrática” é expressão repetida pela ministra, quando fala também da coligação. “Tem o mérito de demonstrar que em Portugal é possível cumprir uma legislatura em coligação – algo que até hoje nunca tinha sido possível. Isso é importante porque revela uma importante maturidade democrática”, diz a ministra que garante não ter lido o livro onde Álvaro Santos Pereira, ex-colega de Governo, deixa críticas veementes ao CDS – sobretudo a Paulo Portas, agora vice-primeiro-ministro.

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E o futuro dessa coligação? Vai ser a reedição? Vai ser preciso os líderes conversarem, responde. Mas desenganem-se aqueles que veem um acordo pré-eleitoral como inevitável: “As conversações não pré-determinam nenhum resultado, e não digo que um terá que ser melhor do que o outro.

O que Maria Luís Albuquerque diz com confiança notória é que vitória nas legislativas ainda é possível para a direita, unida ou não. Diz isso mesmo duas vezes. A primeira numa formulação tradicional, quase mecânica: “Os portugueses irão avaliar o trabalho que este Governo fez e tenho inteira confiança que possam renovar essa confiança para um outro mandato”. Mas a segunda com outra determinação, respondendo ao inevitável repto (“acredita que é possível?): “Com certeza. Em absoluto. Acredito mesmo. Porque eu acho que os portugueses reconhecem o esforço que foi feito, reconhecem a situação muitíssimo difícil em que encontrámos o país e a necessidade de muitas das medidas que foram encontradas. E acho que reconhecem a importância de não deixar andar para trás. Foi demasiado difícil chegar onde chegámos para correr o risco de perdermos aquilo que já conquistámos. Correr-se-ia o risco de voltar para trás e as recaídas, nos países como nas pessoas, são sempre mais duras e mais difíceis.”

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Com a resposta sobre o futuro político de Passos, Maria Luís Albuquerque não deixou grande margem para o cenário de que se tem falado – ser ela a próxima líder do partido. A questão apareceu, é certo, mas a resposta foi um equivalente a ‘quem sabe, talvez lá mais para a frente’. “Não tenho muito tempo para pensar em outras coisas. Gosto muito de política e de a acompanhar, mas isso não obriga necessariamente a uma intervenção ativa”, disse a ministra, que se queixa apenas do “pouco tempo” que diz encontrar “para saborear as vitórias que temos tido” – e que garante sentir o apoio das pessoas na rua. “Todas as que me abordam diretamente têm sido elogiosas, dão apoio e dão força para continuar.”

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Então e memórias? Tenciona escrevê-las quando sair do Governo? “Sou muito nova para escrever memórias, por amor de Deus.”

A avaliar pela resposta a outra pergunta do Observador – “acha que este Governo é de direita?” – valerá a pena esperar por elas. “Dentro daquilo que é a direita em Portugal, sim. Sendo que não é necessariamente o que é a direita noutros sítios. Digamos que é bastante menos à esquerda do que outros.”

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