Um relatório dos serviços de informação norte-americanos publicado em dezembro de 2000 previa como seria o mundo em 2015. Acertou na volatilidade financeira, nos ciberataques anónimos ou no crescimento da China como uma grande potência, mas não foi tão preciso ao prever uma independência crescente da Ucrânia ou na criação do Estado da Palestina.

A The Atlantic foi revisitar o relatório “Global Trends 2015” (ou tendências globais de 2015) do National Intelligence Council, um centro de pensamento estratégico do executivo norte-americano, e encontrou alguns prognósticos que se realizaram e outros que ficaram longe de concretização. O relatório foi escrito em 2000 e previu corretamente que os ataques terroristas através da Internet, como os que têm sido levados a cabo pelo grupo Anonymous um pouco por todo o mundo, seriam uma fonte de preocupação, assim como o aumento exponencial da imigração ilegal para os Estados Unidos.

Para a Europa, a previsão era de um futuro “relativamente pacífico” e “rico”. Apesar de apresentar como desafios a baixa taxa de natalidade nos países da União Europeia e a instabilidade nos mercados a nível global, o relatório não fala sobre a crise da dívidas soberanas que se vive na zona euro – embora antecipe vários obstáculos ao crescimento global. A integração a nível comunitário seria em 2015 a principal meta dos parceiros europeus, algo que aconteceu até 2007, mas desacelerou para dar lugar à crise económica nos anos seguintes.

Sobre a Rússia, acertou no ponto sobre a manutenção de um regime autoritário, mas a The Atlantic opina que falhou sobre a tendência de uma maior independência por parte da Ucrânia – apesar de hoje a Ucrânia se ter virado decisivamente para a Europa. Quanto ao Médio Oriente, este relatório falhou por não prever que pouco depois de ser escrito a geografia do terrorismo mudaria para sempre com os ataques às Torres Gémeas, mas diz que a região continuará a ser um local “instável”, com “extremismo ideológico” e terrorismo. Esta instituição previu ainda que a tecnologia teria um impacto no terrorismo perpetrado nesta região, como se pode ver atualmente no caso do Estado Islâmico – e antecipa a possível emergência de uma rede terrorista com acesso a armas de destruição maciça.

Outra das previsões que falhou, mas aparentemente por pouco, foi que a Palestina já seria um Estado independente em 2015. Em 2014, muitos parlamentos nacionais europeus instaram os seus governos a reconhecer a Palestina como país, mas apenas a Suécia deu esse passo definitivo. O relatório diz ainda que Israel manteria em 2015 “uma paz fria” com os seus vizinhos, com pontos de tensão de permanentes. E o ano ainda agora começou.

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