Poucas horas depois de terem perdido vários colegas de forma brutal, os sobreviventes da redação do Charlie Hebdo falaram publicamente sobre os momentos de horror vividos na quarta-feira. A jornalista Sigolène Vinson contou que os irmãos Kouachi lhe apontaram uma AK47 à cabeça, mas desistiram da ideia de a matar, alegando que não matavam mulheres. Já Laurent Léger, outro jornalista, disse que dentro da redação pensaram que os primeiros tiros eram bombinhas de carnaval.

O jornal Charlie Hebdo voltou a reunir esta sexta-feira, com menos jornalistas e numa redação emprestada pelo Libération, para preparar o número da próxima semana. Terá um milhão de exemplares e os lucros vão reverter na totalidade a favor das famílias das vítimas do ataque de quarta-feira. No entanto, o terror vivido durante o ataque continua a ser relatado pelos sobreviventes, desvendando novos detalhes sobre os minutos em que os irmãos Kouachi mataram 10 pessoas na redação.

Sigolène Vinson, jornalista do Charlie Hebdo, estava na reunião e diz que foi poupada por ser mulher. Os terroristas terão gritado tal como já é sabido “Charb” e disparado uma rajada de tiros, após isto apontaram uma AK47 a Vinson dizendo em seguida: “Não te vou matar porque és uma mulher e não podemos matar mulheres, mas vais ter de te convertes ao Islão, ler o Corão e usar o véu”. A jornalista lembrou estes momentos de tensão à rádio France Internationale, acrescentando que em seguida os dois atacantes saíram da sala a gritar “Allahou Akbar, Allahou Akbar”.

Já o jornalista do Hebdo, Laurent Léger, disse que pensou que se tratava de “uma brincadeira”, até aos terroristas entrarem dentro da redação. Ele descreve que se passou tudo muito rapidamente, que havia um cheiro de pólvora no ar e só teve tempo de se “esconder” atrás de uma secretária para não ser atingido. “Eu vi o horror”, disse Léger à France Info. “Nós vamos fazer alguma coisa. Isto é importante. Eu não quero fazer um jornal de obituário, eu quero que façamos um jornal para dizer o desafio que é existir, o desafio que é dizer coisas, para continuar a lutar contra a estupidez, contra o obscurantismo e contra todos os fundamentalismos”, afirmou o jornalista.

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