A Al-Qaeda do Iémen é na verdade a Al-Qaeda da Península Arábica e existe formalmente desde 2009. Os irmãos Kouachi já tinham reclamado que o atentado ao Charlie Hebdo devia ser atribuído a esta organização, mas formalmente o ataque foi reivindicado esta sexta-feira. Esta célula terrorista tem vindo a ganhar cada vez mais poder naquela região, sendo alegadamente liderada por Nasser Abdul Karim al-Wuhayshi, o segundo em linha de comando de toda a Al-Qaeda.

O objetivo da Al-Qaeda da Península Arábica (AQAP) é a criação de um Estado islâmico que una o Iémen e a Arábia Saudita – resulta aliás da fusão das células existentes nesses dois países – e a organização tem tido alguns sucessos nos últimos anos. Desde 2011, altura em que foi derrubado o presidente Ali Abdullah Saleh, que controlava o país há mais de 20 anos, o Iémen está a ser dilacerado por uma guerra civil entre esta organização terrorista e outro movimento, os Houthis, também conhecidos como Partidários de Deus.

Embora os Houthis tenham vindo a dominar o país, apesar de haver um presidente eleito e um governo oficial, a Al-Qaeda está a ressurgir, apoiada pelas tribos locais que dão abrigo e dinheiro aos terroristas. Atualmente os confrontos entre estas duas organizações confrontam-se diariamente, tentando tomar as posições estratégicas uma da outra, perpetrando ataques em várias cidades e matando centenas de pessoas. Num dos ataques mais recentes, a explosão de um carro matou 38 pessoas, segundo o The New York Times.

A Al-Qaeda da Península Arábica é liderada, segundo a BBC, por Nasser Abdul Karim al-Wuhayshi, segundo em comando de toda a Al-Qaeda e antigo secretário privado de Bin Laden. Nasser Abdul Karim al-Wuhayshi tem alegadamente 36 anos, mas uma vasta experiência na organização. Nasceu no Iémen, mas no início do anos 90 recebeu o seu treino no Afeganistão. Rapidamente ascendeu dentro do grupo terrorista, tendo sido preso no início dos anos 2000, tendo fugido da prisão em 2006. Esteve por detrás da fusão entre as duas células do Iémen e da Arábia Saudita e está a modernizar a comunicação da Al-Qaeda.

A AQAP foi a primeira célula da Al-Qaeda a fazer publicações em inglês.

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