“Agora, ficou preto no branco que havia uma ordem superior e que o conselho de administração do GES escolhia o caminho da aldrabice“. Foi assim que Luís Marques Mendes comentou na SIC Notícias a audição esta semana do ex-contabilista do Grupo Espírito Santo, Francisco Machado da Cruz, na comissão de inquérito que decorre no Parlamento.

“Até agora, Ricardo Salgado tinha uma narrativa, dizia que a culpa do buraco enorme era do contabilista”, começou por dizer o social-democrata, lembrando que Machado da Cruz disse na comissão que “todos os anos fazia duas contas, as verdadeiras e as aldrabadas, que apresentava ao conselho de administração, que escolhia o caminho da aldrabice”.

A audição decorreu à porta fechada, mas vários órgãos de comunicação social divulgaram o relato feito pelo contabilista. A propósito disto, Mendes disse mesmo que “a justiça deve meter a mão na massa” e mostrou-se “surpreendido” pelo facto de Ricardo Salgado “não ter feito um comunicado a defender-se ou ter posto um processo por difamação” contra Machado da Cruz.

Ainda a propósito dos negócios de Salgado, outro tema abordado foi a PT que se endividou na banca para conseguir dinheiro para investir na RioForte, do universo GES. Mendes revelou que a PT vale hoje um quarto do que valia há 20 anos. “Em 1995, 27% da empresa foi vendida por 710 milhões, agora, a PT toda vale 642 milhões”, declarou, considerando que a culpa por esta situação é “da promiscuidade entre a administração e um acionista”.

Outro dos temas quentes da semana em Portugal foi o da corrida para as eleições presidenciais. Segundo Marques Mendes, o ex-presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, “está a pensar seriamente em ser candidato a Belém, mais do que ser candidato a presidente do PSD”.

O ex-líder do PSD reconhece que nos últimos dias houve “muita excitação”, mas que “não houve nada de novo”. “Guterres deixou a porta aberta, Marcelo só quer decidir mais tarde, Santana disse em on aquilo que dizia em off”, resumiu, classificando a novela das presidenciais “um berbicacho para o PSD” pois se houver muitos candidatos de direita isso “é uma oportunidade para Guterres ganhar à primeira volta”. Considerando que o melhor momento para o candidato de direita avançar é junho/julho (Marcelo defende o outono e Santana abril), Mendes apelou a que os “vários interessados dialogassem entre si”.

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