A União Europeia poderá poupar 100.000 milhões de euros/ano devido à queda do preço do petróleo, defende uma estimativa da seguradora espanhola Crédito y Caución, que alerta, no entanto, para o risco de estagnação do consumo.

Apesar de o preço do barril de petróleo de referência para a Europa — o Brent — ter hoje iniciado a sessão a valer pouco mais de 49 dólares, a análise da seguradora de crédito interno e exportação considera que o preço irá estabilizar este ano entre os 85 e os 90 dólares e que os Estados-membros da União Europeia (UE) serão os mais beneficiados com a queda do valor.

Com base neste valor, a Crédito y Caución prevê que a Europa possa “poupar” 100.000 milhões de dólares por ano no total de importações de petróleo, passando a gastar 400.000 milhões.

A poupança, refere a seguradora, será um pouco menor na China, ficando à volta dos 60.000 milhões de euros, apesar de representar cerca de 20% do consumo mundial de petróleo.

Nos Estados Unidos, o valor irá variar ainda mais, já que o país é um dos principais consumidores, mas também um dos maiores produtores de petróleo.

A queda do preço do petróleo, que hoje se situa em menos de metade do valor que registava há um ano, implica, no entanto, vários riscos, sobretudo para a Europa, alerta a seguradora.

De acordo com as conclusões do estudo hoje divulgadas, os riscos são, principalmente, geopolíticos, sendo o mais relevante “a atividade do Estado Islâmico no Médio Oriente, embora até à data não tenha afetado a produção do Iraque”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Além disso, a Europa poderá ver o consumo estagnar e sofrer uma deflação, fenómeno que implica um aumento do valor real do dinheiro, mas que está habitualmente associado a uma recessão.

Segundo a análise da Crédito Y Caución, a descida do preço do barril de petróleo não deve ser explicada por uma alteração na procura chinesa ou por uma moderação da procura na Europa.

“A explicação principal encontra-se no aumento da oferta”, defende, adiantando que “as interrupções na produção desapareceram parcialmente na Líbia, que quadruplicou a sua produção desde o verão, até se situar perto dos níveis de 2010, anteriores à sua guerra civil”.

Além disso, o Iraque também “começou a aumentar a sua produção” e “os problemas na produção mantêm-se na Síria e no Irão, por motivos geopolíticos, e no Canadá e no Mar do Norte, por razões técnicas”.

Ao mesmo tempo, a Arábia Saudita começou a utilizar novas técnicas de extração até agora usadas apenas nos Estados Unidos, que exigem a fratura hidráulica de rochas, tendo este país árabe deixado de variar a sua quota de mercado para estabilizar os preços mundiais.

Hoje foi a segunda vez desde maio de 2009, e em menos de uma semana, que o preço do Brent desceu abaixo dos 50 dólares, sendo que, há um ano, valia 107,25 dólares.