Depois dos atentados na semana passada em Paris, François Hollande anunciou esta quarta-feira que o porta-aviões Charles de Gaulle vai reforçar a operação militar francesa contra as forças do Estado Islâmico, no Iraque. Num discurso perante centenas de militares, feito a bordo do grande navio de propulsão nuclear, o chefe de Estado francês justificou a decisão com a necessidade de maior eficácia no combate aos jihadistas naquela região.

“A situação no Médio Oriente justifica a presença do Charles de Gaulle. Poderemos levar a cabo as operações no Iraque com mais intensidade e eficácia”, afirmou Hollande, citado pelo El País, acrescentando que a luta contra os terroristas deve ser levada a cabo tanto em solo francês como no exterior. “Temos de responder aos ataques lançados no interior, mas que podem ter sido comandados de muito longe, e assim foram reivindicados. Temos de conter as ameaças vindas do exterior”.

Segundo Hollande, o porta-aviões é um “instrumento de força e potência”, que mostra a “capacidade política, militar e diplomática” do país. O navio de guerra, com 40.000 toneladas e 260 metros de comprimento pode transportar 21 aviões e vários helicópteros, dará “informação valiosa” para melhorar a intervenção armada no Iraque. Nesta sua missão no Médio Oriente, o porta-aviões será acompanhado por um submarino nuclear, uma fragata e um navio de provisões.

O anúncio de Hollande ocorreu um dia depois de a Assembleia Nacional aprovar, praticamente por unanimidade, a continuação dos bombardeios franceses contra o Estado Islâmico no Iraque, iniciados em 19 de setembro. A França foi o primeiro país a unir-se aos Estados Unidos na coligação contra o Estado Islâmico no Iraque. Nessa operação participam nove caças-bombardeiros dos Emirados Árabes e seis da Jordânia, apoiados por outros aviões de reconhecimento e reabastecimento em voo, assim como por uma fragata antiaérea.

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O presidente reiterou que se deve estar simultaneamente atento às ameaças que chegam do interior e do exterior, e explicou que a decisão de recorrer ao porta-aviões é tomada com o objetivo de fazer frente ao terrorismo. Hollande lamentou ainda que a comunidade internacional não tenha reagido “no momento devido” no conflito da Síria. Paris já era a favor de bombardeios contra o regime sírio, no verão de 2013 e o envio não chegou a acontecer porque Washington e Londres se recusaram a participar da operação.

Perante as Forças Armadas, Hollande prometeu ainda rever o ritmo de redução de militares fixado na lei de programação militar, que estabelece a redução de 34 mil efetivos nos próximos seis anos.