O diretor-geral da Saúde desvalorizou, esta terça-feira, o elevado número de mortes registado nas últimas semanas. “Não estamos perante um fenómeno inesperado. A mortalidade geral é sinusoidal, ou seja, tem altos e baixos em função das épocas do ano. No mês frio do ano podem morrer 13 mil cidadãos. No mês quente de verão não ultrapassarão os cinco mil”, disse Francisco George em conferência de imprensa, acrescentando: “os portugueses morrem, tal como acontece nos outros países da Europa, diferentemente consoante os meses do ano”.

O Público desta terça-feira avança que “em duas semanas, houve mais mil mortes do que era esperado” para esta altura do ano, de acordo com as declarações da subdiretora-geral da Saúde. Graça Freitas sublinhou que isto se devia a uma “conjugação de circunstâncias adversas”: a chegada do frio numa fase anterior à esperada, a maior gravidade do estado de saúde dos doentes idosos que se deslocam aos serviços de urgência e o início do período epidémico da gripe sazonal.

Francisco George sublinhou a imprevisibilidade destas circunstâncias: “nunca conseguimos antecipar quando começa a atividade gripal de caráter sazonal nem quando começa, sequer, a própria atividade. Até à primavera, dependendo dos anos, podemos ter atividade gripal sem saber quando ela se inicia. Tal como também não podemos antecipar, em termos de planeamento, quais são as estirpes, quais são os vírus”.

O diretor-geral da Saúde confirmou que a estirpe que agora circula é essencialmente do tipo B, que afeta menos os mais idosos, que são um dos grupos em maior risco. Francisco George explicou que esta estirpe não é nenhuma das três que estão contidas na vacina deste ano, mas sublinhou a importância da sua inoculação como forma de prevenir as complicações da doença. “A vacina como sempre acontece é útil e sobretudo é importante para evitar as complicações da gripe. Quem está vacinado pode ter gripe, mas a probabilidade de essa gripe sofrer complicações diminui. Isto é um dado comprovado», afirmou Francisco George durante a conferência de imprensa.

Estas declarações surgem num momento em que muito se fala das mortes nas urgências, surgindo relatos que ligam essas mortes ao tempo de espera excessivo antes do atendimento. O ministro da Saúde, Paulo Macedo, já pediu cautela: “há casos em que temos de avaliar se houve falha de serviço ou erro humano, outros caos, estar a somar casos que não têm nada a ver uma coisa com a outra é laçar alarmismo e falsidade”.

 

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