Menachem Bodner é um dos 300 sobreviventes de Auschwitz e esteve esta terça-feira presente na cerimónia de celebração do dia em que o campo de concentração foi libertado pelo exército soviético. Tinha quatro anos no dia 27 de janeiro de 1945. Na altura chamava-se Elias Gottesman e era o preso A-7733. Estava perdido no meio do caos. Foi adotado por um homem que procurava a mulher e os filhos. A partir daí, passou a ser Menachem Bodner. Para trás ficou Jeno Gottesman, que era o recluso A-7734.

Durante muito tempo, Menachem não sabia que tinha um irmão gémeo. Não se lembrava. As dúvidas nasceram quando começou a ter sonhos sobre aquela altura. Surgiam imagens de arame farpado e de esconderijos em alguns cantos. Mas Menachem começou a sonhar também com um rapaz jovem, loiro como ele, a dormir a seu lado.

O período traumático marcou-lhe as memórias durante dezenas de anos. Quando os fragmentos de imagens chegaram, procurou uma genealogista. “Na altura fiquei aliviada por ele ter perdido a memória. Sem memória é muito mais fácil restabelecer uma vida normal. Se já assim ele tem pesadelos, imagine como seria se se lembrasse de tudo”, disse Ayana KimRon à CNN, que conta a história.

Através de uma relação entre dados de DNA, Ayana conseguiu encontrar um primo biológico de Menachem nos EUA. Foi esse familiar que lhe deu uma fotografia dos pais biológicos. “O mais importante é que agora consigo ver a cara da minha mãe. Posso vê-la”. De Jeno Gottesman, o nome dado pelos nazis, nem um rasto. O sobrevivente criou até uma página de Facebook com o nome A-7734 — o número do irmão nos campos nazis.

“Às vezes paro no meio da rua e olho para as pessoas à procura de alguém parecido comigo”, afirma Menachem. O sobrevivente confessou à CNN que procurava “alguma pista”, alguma lembrança. “Talvez um dos outros sobreviventes me reconheça”, dizia. “A minha maior esperança é que o meu irmão apareça lá no meio”.

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