A Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM) anunciou esta sexta-feira, na apresentação do seu plano editorial para 2015, a criação do Prémio Vasco Graça Moura, que distinguirá obras inéditas de poesia. O regulamento e o júri do prémio vão ser divulgados “em finais de abril”, disse o presidente do conselho de administração da INCM, Rui Carp. O prémio terá um valor pecuniário a definir e o vencedor verá a sua obra editada pela INCM, na coleção Plural, disse à Lusa Duarte Azinheira, diretor da Unidade de Publicações da INCM.

Entre as novidades editoriais deste ano, está o relançamento da coleção Plural, um projeto de Graça Moura quando liderou a INCM, e que “foi uma coleção importante na década de 1980”. Esta coleção deve editar quatro títulos anuais, dois deles de poesia inédita, disse Azinheira.

No total, este ano, em chancela única, a INCM conta editar 58 títulos, entre reedições, novas obras e edições críticas de autores portugueses. Os cerca de 60 títulos previstos não incluem as edições em parceria, nomeadamente com os museus, a Direção-Geral do Património Cultural, os teatros nacionais e outras entidades, explicou à Lusa o diretor da Unidade de Publicações.

Uma aposta renovada é a ficção infantojuvenil, nomeadamente com a coleção de biografias, “Vidas portuguesas”, em parceria com a editora Pato Lógico, estando prevista a publicação, entre outras, da biografia do compositor e pintor Alfredo Keil e a da escritora, jornalista e ativista republicana e dos direitos das mulheres Ana de Castro Osório.

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Quanto a reedições, está prevista a do “Dicionário de Eça de Queiroz”, de Alfredo Campos de Matos, assim como da obra “Origens da Imprensa em Portugal”, de Artur Anselmo. Outra reedição – “há muito esperada, por ser essencial e se encontrar esgotada”, segundo Carp -, é a de “Os universos da crítica”, de Eduardo Prado Coelho.

Na área das edições críticas, sairão, de Eça de Queiroz, os títulos “O mistério da Estrada de Sintra” e “Os Maias”; de Camilo Castelo Branco, os romances “As novelas do Minho”, “A sereia” e a tradução que fez e prefaciou de “A história de Gabriel Malagrida”, de Paul Mury. De Almeida Garrett será publicada a edição crítica de “Fragmentos romanescos” e “Correspondência de Garrett para Rodrigo da Fonseca Magalhães”.

Novidade deste ano é a coleção “Pessoana”, que será dirigida por Ivo Castro, professor de Linguística na Faculdade de Letras de Lisboa, dedicada ao poeta e à obra de Fernando Pessoa, e cujo primeiro volume será “Uma admiração pastoril pelo diabo (Pessoa e Pascoaes)”, de António M. Feijó. De Pessoa, a INCM publicará a edição crítica dos Poemas, do seu heterónimo Alberto Caeiro.

Na área da poesia, na qual “falta espaço editorial”, como disse Rui Carp, além de estar prevista a publicação de inéditos, sairá este ano a Obra Poética da marquesa de Alorna, e a Poesia de Sá de Miranda, renovando a edição histórica de Carolina Michaelis de Vasconcelos, “pois foram até encontrados novos manuscritos, que serão incluídos”.

A coleção “História”, dirigida pela historiadora Fernanda Rollo, é uma das novidades este ano, e deverá trazer à luz dois os trabalhos dos jovens investigadores na área das Ciências Sociais. Outro destaque passa pelos novos títulos da coleção “Biblioteca Fundamental da Literatura Portuguesa”, dirigida pelo catedrático Carlos Reis, e que, segundo Carp, “é uma coleção que todas as famílias deviam ter”. Serão editados, entre outros, “Camões”, de Almeida Garret, “As pupilas do senhor reitor”, de Júlio Dinis, “Menina e moça”, de Bernardim Ribeiro, e “Nome de guerra”, de Almada Negreiros.

Entre outros livros, a INCM conta editar as Obras Completas de José Régio, prosseguir a Coleção D, dedicada ao design contemporâneo, dirigida por Jorge Silva, com quatro novos títulos, e a “Biografia ilustrada de Bocage”, de Daniel Pires, que celebra os 250 anos do nascimento do poeta da Arcádia Lusitana.

Rui Carp salientou que este é não só um plano editorial como “um plano de sustentabilidade económica da função editorial”, fazendo eco das recomendações feitas em 2012 pelo Tribunal de Contas, entre as quais, a empresa pública devia acentuar a rentabilização da atividade editorial, refletindo sobre a oportunidade dos títulos e o seu custo. Carp disse mesmo que “não se irá publicar para ficar no armazém”, nem “para alimentar egos ou honorários”.

Segundo revelou esta sexta-feira o responsável, o tribunal aconselhou a INCM a adotar uma estratégia de “marketing”. Carp salientou os “elevados padrões de qualidade da empresa nas diversas áreas”, da emissão de moedas correntes e comemorativas, emissões de documentos oficiais de diversa índole, assim como da edição livreira, no sentido da “promoção da Língua e Cultura portuguesas”.

O responsável garantiu que a INCM “é uma das empresas mais lucrativas do setor empresarial do Estado”. Outra preocupação de Carp é fazer escoar “os elevados stocks livreiros” que a INCM tem, tendo afirmado que se está “já a trabalhar nisso”.