Naquele dia 21 de janeiro, já este ano, ele viu o seu bebé acabado de nascer ser levado para uma sala. Seguiu os passos dos médicos e enfermeiros, mas a porta fechou-se à sua frente. Eles saíram pouco depois: “o seu filho tem um problema”, comunicaram-lhe. Samuel Forrest não via qual. Aquele pequeno ser “era perfeito”. Mas não para a mulher dele, que acabara de dar à luz. Ao pequeno Leo foi detetada Síndrome de Down e foi dada a opção aos pais de o levarem para casa ou de o entregarem a um orfanato. A mãe recusou-o. O pai impediu que o próprio filho fosse um dos 98% com o mesmo problema que acaba abandonado na Arménia. A decisão valeu-lhe o divórcio.

Samuel Forrest, natural da Nova Zelândia, estava casado com uma cidadã arménia. E desconhecia o que dita a lei naquele país: em caso de deficiência mental ou física, os pais podem colocar os filhos numa instituição. Os dados apontam para que 98% das crianças a quem é diagnosticada Síndrome de Down naquele país sejam abandonadas pelos pais.

Abandono foi a palavra, e ação, que Samuel recusou. Em entrevista à ABC explicou que nem a sua opinião foi tida em conta na hora de decidir. Quando os médicos lhe disseram que o filho recém-nascido tinha um “problema”, ele correu de imediato para junto de mulher. Levou o filho nos braços. Ela disse-lhe que não queria a criança. Ele respondeu que queria. Ela pediu-lhe o divórcio.

“Fez logo um ultimato. Disse que se eu ficasse com a criança, se divorciava”, disse Samuel à ABC.

Samuel não cedeu à mulher. A paternidade falou muito mais alto.

Consciente de que uma criança com necessidades especiais implica trabalho adicional, Samuel está decidido a voltar para o seu país natal, onde tem familiares e amigos, para criar o filho. Trabalhador da construção civil, Samuel tem agora um fundo, através de uma página da internet, que conta com a solidariedade de cada um. A ideia é conseguir dinheiro para criar o filho durante o seu primeiro ano de vida sem que ele trabalhe. Quer dedicar-se a 100%.

Esta sexta-feira o Fundo contava já com mais de 188 mil dólares, ou seja mais de 165 mil euros. Os testemunhos de apoio multiplicam-se. O siteBringleohome” refere que, além da educação de Leo, o dinheiro também deverá ser usado em programas de ajuda a pais que queiram fazer o mesmo que Samuel na Arménia.

A síndrome de Down é uma alteração cromossómica que provoca atraso mental e anomalias físicas. Dá-se o nome de trissomia à presença de um cromossoma adicional que se junta a um par de cromossomas. A trissomia mais frequente num recém-nascido é a trissomia 21, embora se possam produzir outras.

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