Nadiya Savchenko, 34 anos, é uma antiga designer de moda transformada em piloto do Exército ucraniano. Foi detida no leste da Ucrânia pela Rússia e na prisão soube que tinha sido eleita deputada para o Parlamento ucraniano. No sábado iniciou a sua oitava semana de greve de fome contra o Governo russo. Nadiya Savchenko está no centro de uma guerra mediática entre a Ucrânia, que a considera uma heroína nacional, e a Rússia, que já lhe chamou “filha de Satã”.

Quando rebentou o conflito no leste do país, Savchenko, que foi a única mulher a integrar as forças de manutenção da paz ucranianas no Iraque, juntou-se a um dos grupos de voluntários que lutam contra os rebeldes pró-Moscovo perto de Lugansk. Em junho, a Rússia acusou-a de matar jornalistas russos e deteve-a. A Ucrânia diz que Nadiya Savchenko foi capturada por separatistas e levada ilegalmente para a Rússia, onde foi mantida em isolamento. A Rússia nega: a mulher chegou ao país como refugiada, dizem as autoridades.

A antiga primeira-ministra ucraniana Yuliya Tymoshenko colocou o seu nome nas listas do partido Batkivshchyna para as eleições legislativas. Na prisão, Savchenko soube que tinha sido eleita deputada para o Parlamento ucraniano, cargo que aceitou. E é da prisão que tenta levar a cabo aquilo a que o site Newsweek chama de “guerra de informação contra Putin”.

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A antiga primeira-ministra Yulia Tymoshenko e membros do partido Batkivshchyna pedem a libertação de Nadiya Savchenko no Parlamento ucraniano.

No sábado iniciou a oitava semana de greve de fome, um protesto que, diz, só terminará com o regresso ao seu país ou com a sua morte. Nadiya Savchenko diz que a sua detenção foi ilegal e que as acusações criminais contra si foram falsificadas. “Estou em greve de fome para tentar obrigar o Governo russo a ter bom senso e o Comité de Investigação a ter alguma consciência”, disse a jovem piloto à jornalista russa e ativista dos direitos humanos Zoya Svyetova.

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Há cerca de um mês, o site da Newsweek escrevia que Nadiya Savchenko já tinha perdido mais de 12 quilos, limitando-se a beber chá e água.

A “heroína” ou a “máquina de matar de saia”

A história de Nadiya Savchenko está a animar o conflito mediático entre os dois países, que se joga à margem da crise no leste da Ucrânia, que acusa a Rússia de apoiar os rebeldes nessa região do país. O canal de televisão ucraniano 1+1 criou um site para divulgar a “injustiça” da detenção de Savchenko.

Nas redes sociais ucranianas há uma campanha que exige a libertação da nova heroína nacional e que se inspirou no movimento contra o rapto de raparigas nigerianas pelo Boko Haram, como conta a BBC. A hashtag #SaveOurGirl gerou milhares de tweets que mostram, essencialmente, indignação pelas circunstâncias em que Nadiya Savchenko foi detida:

Dias depois da detenção, foi publicado um vídeo no YouTube onde Nadiya Savchenko surge a ser interrogada por rebeldes pró-russos. Tem quase 700 mil visualizações.

https://www.youtube.com/watch?v=2SnTu9RW_Uw

Nos meios de comunicação russos leais ao Kremlin, Nadiya Savchenko não é descrita como uma heroína, mas antes como uma “máquina de matar de saias” e como a “filha de Satã”. No canal estatal Rossiya 1 TV news, um repórter disse que a jovem “foi transformada num zombie e tem uma atitude muito negativa relativamente a tudo o que é russo”.

People hold pictures of first lieutenant of Ukrainian airforce, helicopter pilot Nadiya Savchenko  and placards reading "Free Savchenko" during a rally in Independence Square in Kiev, on January 26, 2015 demanding her liberation by Russia. Savchenko was fighting in a Ukrainian volunteer battalion in east of the country when she was captured by pro-Russian insurgents in eastern Ukraine and later handed over to Russia, where she is being charged with complicity in the deaths of two Russian journalists during the 2014 insurgency in Donbass. AFP PHOTO/ SERGEI SUPINSKY        (Photo credit should read SERGEI SUPINSKY/AFP/Getty Images)

Ucranianos manifestam-se em Kiev pela libertação da mulher piloto

O caso já mereceu atenção internacional. A administração Obama criou uma petição para libertar Nadiya Savchenko, “uma prisioneira política do Kremlin”, pode ler-se no site da Casa Branca. Organizações de direitos humanos e grupos pró-democracia europeus criaram petições semelhantes.