Metano. Gás incolor pouco solúvel na água que ao entrar em contacto com o ar pode transformar-se numa mistura de alto teor inflamável. A alta concentração deste gás e a elevação da temperatura ambiente foi a causa do surgimento das “misteriosas crateras” na Sibéria, conforme avança a revista Nature. As crateras foram descobertas em julho do ano passado, na região da península de Yamal, na Rússia, onde se encontram as maiores reservas de gás do país.

Segundo os investigadores, o ar possui normalmente apenas 0.000179% de metano, mas a região próxima das crateras apresenta uma concentração de 9,6%. Durante o verão de 2012 e 2013, as temperaturas estiveram 5 graus mais altas que o esperado e com o solo descongelado, denominado permafrost, formou-se uma espécie de bolha subterrânea. Por causa da pressão criada internamente, as erupções gradativamente deram origem às crateras.

“O fenómeno é semelhante à erupção de um vulcão”, explica Vasili Bogoiavlenski, vice-diretor do Instituto de Investigação do Petróleo e do Gás da Academia das Ciências da Rússia à agência AFP. O vídeo abaixo mostra uma das crateras encontradas na região.

https://www.youtube.com/watch?v=2kMs05VaOfE

Em julho de 2014, pastores de renas descobriram uma cratera de 80 metros de largura em Yamal. Alguns dias depois, mais duas crateras foram descobertas nos distritos de Tazovsky e Taymyr, respetivamente. A partir daí, surgiram pelo menos quatro crateras e outras “minicrateras”, registadas a partir de imagens de satélite. O fenómeno chamou a atenção dos cientistas e rapidamente a Internet foi inundada com diversas teorias. Em novembro de 2014, um grupo internacional de cientistas fez uma expedição para estudar a cratera Yamal e retirou amostras de solo e água, de modo a determinar o momento quando a cratera foi formada.

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Andrei Plekhanov, investigador do Centro de Estudos Científicos do Ártico em Salekhard, Rússia, afirmou à Nature que o metano preso nas crateras pode representar um perigo nas regiões habitáveis próximas. “Se uma fuga acontece num campo de exploração de gás que está a 30 quilómetros de distância, podia haver um acidente, e o mesmo pode acontecer com uma aldeia”, afirma. Para evitar incidentes, Plekhanov sugere que sejam feitos furos no subsolo para liberar a pressão artificialmente, apesar de reconhecer a dificuldade da operação por não saberem exatamente onde se encontram as maiores concentrações de metano.

Veja a seguir algumas imagens das crateras: