Andreas Lubitz terá posto um avião a descer de forma controlada, mas injustificada, num voo anterior à viagem fatídica entre Barcelona e Dusseldorf, aquela em que, como copiloto do A320 da Germanwings, fez despenhar o avião que vitimou 150 pessoas nos Alpes franceses.

Na verdade, os investigadores da colisão do voo da Germanwings nos Alpes franceses confirmaram que o copiloto ensaiou depois a manobra várias vezes durante o próprio trajeto entre Dusseldorf e Barcelona, mas asseguraram que as descidas eram indetetáveis.

Relatório descreve os ensaios de Lubitz

O documento de trinta páginas sobre os dados recolhidos até agora acerca ao voo da Germanwings revela também o comportamento de Andreas Lubitz. O relatório do Gabinete de Investigações e Análises para a Segurança Civil (BEA France) indica que o copiloto “modificou as instruções do piloto automático para fazer descer a aeronave até que embatesse no terreno”, avança o Expresso.

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7h 20 min. 29 seg. No voo entre Barcelona e Dusseldorf, Lubitz era o único piloto presente no cockpit. A central pediu que o avião se posicionasse nos 10 mil metros de altitude.

7h 20 min. 47 seg. A ordem foi cumprida, o copiloto conduziu o avião para os 10 mil metros de altura.

7h 20 min. 50 seg. Lubitz volta a fazer subir o aparelho até aos 15 mil metros de altitude.

O piloto programou, pelo menos por cinco vezes, durante quatro minutos, uma descida controlada de cerca de 30 metros antes do comandante voltar ao cockpit.

Cerca de duas horas depois, o comandante retirou-se e o copiloto aumentou a velocidade para 638 km/h e desceu o aparelho para os 30 metros de altura. Mais tarde, ouvia-se o alerta “Terra, terra. Suba, suba” até o avião cair nos Alpes.

De acordo com as declarações da equipa de investigação que divulgou o relatório preliminar da queda do avião, nem o resto dos tripulantes, nem o controlo aéreo francês, nem os passageiros, podiam dar conta destes exercícios.

Segundo as declarações de uma porta-voz do BEA France, a descida durou alguns minutos “sem que houvesse justificação aeronáutica para tal”. De acordo com o diretor do Departamento de Investigação e Análise, Rémi Jouty, pode concluir-se que Lubitz “ensaiou o gesto que acabou por fazer no voo fatal”, mas acrescentou que é prematuro adiantar os motivos que o levaram a fazer isto.

Também neste voo, Andrea Lubitz poderá ter deixado o piloto fora do cockpit do avião. Estas são algumas informações que a entidade responsável pela investigação do acidente pretende dar a conhecer, em pormenor, esta quarta-feira.

A derradeira descida injustificada aconteceu a 24 de março, dia em que o Airbus 320 que fazia o voo 9525 da Germanwings se despenhou nos Alpes franceses, matando 150 pessoas. Os novos dados revelam que o suicídio de Lubitz foi planeado anteriormente e não resultou de uma crise momentânea.