As violências e conflitos, sobretudo na Síria e na Ucrânia, levaram 38 milhões de pessoas a abandonar as suas casas e deslocar-se no próprio país, indica um relatório publicado por uma organização norueguesa.

De acordo com o estudo da organização não-governamental Observatório das Situações de Deslocação Interna (IDMC, sigla em inglês), este é um número recorde, equivalente às populações totais de Nova Iorque, Londres e Pequim.

“Estes são os piores números de deslocações forçadas numa geração, mostrando o nosso completo fracasso na proteção de civis inocentes”, declarou Jan Egeland, secretário-geral do Conselho para os Refugiados Norueguês (NRC), do qual depende o IDMC.

Quase um terço do valor total – 11 milhões de pessoas – deslocou-se no ano passado, com uma média de 30 mil pessoas a fugir das suas residências todos os dias, acrescentou.

Pessoas deslocadas internamente (IDP, sigla em inglês) são aquelas que continuam nos países natais, por oposição aos refugiados, que atravessam fronteiras.

De acordo com o IDMC, atualmente o número de IDP é mais do dobro do número de refugiados em todo o mundo. O relatório não indica um número exato de refugiados.

As estatísticas das Nações Unidas referem a existência de cerca de 16,7 milhões de refugiados em todo o mundo, no final de 2013.

No ano passado, o número de pessoas deslocadas internamente aumentou 14% relativamente ao ano anterior, à crise de Darfur (Sudão) em 2004, à violência no Iraque em meados da década de 2000, ou depois das revoltas da chamada “primavera árabe” em 2011, indica o IDMC.

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“Este relatório devia ser um tremendo grito de alerta”, disse Egeland.

“Temos de acabar com estas situações em que milhões de homens, mulheres e crianças são apanhados em zonas de conflito, em todo o mundo”, acrescentou.

No ano passado, 60% dos novos deslocados internos foram registados em cinco países: Iraque, Sudão do Sul, Síria, República Democrática do Congo e Nigéria.

O Iraque é o mais atingido, com 2,2 milhões de pessoas forçadas a fugir de zonas do país conquistadas pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Os ‘jihadistas’ do EI também são os responsáveis por milhares de deslocados na Síria, já devastada pela guerra civil.

Perto de um milhão de pessoas deslocou-se na Síria no ano passado, o que eleva o número total de deslocados internos no país para 7,6 milhões, ou 40% da população.

A Ucrânia surge pela primeira vez no relatório do IDMC, com 646.500 pessoas deslocadas internamente em 2014, com a guerra entre os separatistas pró-russos e as forças de Kiev.