Trabalhar sem ter patrão. Sem ter ninguém a mandar em si. Tentador, não? No Zappos, um site de venda de roupa e calçado, a tradicional hierarquia foi abandonada e os funcionários trabalham agora num sistema de auto-gestão. O objetivo é melhorar as competências de decisão dos trabalhadores, incentivar a partilha de autoridade e tornar a empresa mais “inovadora”, escreve o Washington Post.

O anúncio da nova organização da Zappos aconteceu no final de março e as consequências chegam agora. Ao que parece, os círculos de auto-gestão levaram a que muitos funcionários se demitissem. Já em março o CEO da empresa, Tony Hsieh, anunciava que não havia escolha: ou os trabalhadores aceitavam trabalhar no sistema “sem patrões” ou eram “convidados” a sair da empresa com uma indemnização de três meses de trabalho. A decisão de ficar naquelas condições ou não aceitar as novas regras tinha de ser tomada até 30 de abril.

Dos 1500 funcionários da empresa, 210 decidiram desistir do novo modelo de gestão e demitiram-se. A própria empresa confirmou o número ao Washington Post. “A oferta da indemnização era um grande incentivo para deixar a Zappos e as pessoas aceitaram a oferta por várias razões. Algumas agarraram-na porque não estavam de acordo com a visão da empresa, outras queriam começar os próprios negócios”, explicou John Bunch, que está a ajudar a empresa a fazer a transição para o novo modelo. O CEO da empresa, no entanto, tem outra resposta: “A auto-gestão e a auto-organização não é para todos”. Segundo o mesmo jornal, houve empregados a acusar “frustração” com o novo sistema por causa da “estrutura e linguagem complexas” a que não estavam habituados e com que tinham agora de lidar.

Na altura do anúncio, Tony Hsieh chegou mesmo a escrever um documento em que refere que os funcionários “deviam ler um livro chamado ‘Reinventar as empresas’ e assistir a um vídeo do Youtube em que o autor explica o conceito da obra”, tudo parte de um esforço para passar a mensagem aos trabalhadores, conta a Fast Company. O objetivo do CEO é que a empresa trabalhe completamente em auto-gestão, sem hierarquias — um impedimento do sucesso e da agilidade, diz.

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