Diz que é preciso unir a “sociedade rasgada” e apresenta-se como o candidato a Presidente da República que melhor o pode fazer – “com ousadia”.  Promete “uma ampla discussão pública” sobre a Europa e a participação de Portugal no projeto europeu, e põe a possibilidade de um referendo sobre a progressiva integração europeia em cima da mesa. São estes alguns dos pressupostos defendidos por Sampaio da Nóvoa na sua carta de princípios, apresentada esta tarde, no Porto.

Num documento que percorre compromissos morais sobre várias áreas, da Língua Portuguesa à Europa, passando pela Economia, o Território e a Coesão territorial, o Estado Social, as Forças Armadas e a Estabilidade, o ex-reitor da Universidade de Lisboa compromete-se “a ser um Presidente presente, próximo das pessoas, capaz de ouvir, de cuidar, de proteger”.

“É preciso trazer a vida para dentro da política, com humanidade. É preciso unir uma sociedade rasgada, juntando os portugueses, as portuguesas, numa luta comum, sem medo de existir. Com persistência e determinação, procurarei ser um elemento de união e de convergência das forças de mudança que existem no nosso país”, escreve o candidato a Belém na carta de princípios que apresenta esta segunda-feira, às 19h30, no Teatro Rivoli, no Porto.

Na carta onde Sampaio da Nóvoa diz o que pensa e ao que vem, o ex-reitor admite referendar questões europeias que possam pôr em dúvida a “soberania nacional”. “Defenderei a integração europeia, o cumprimento dos acordos internacionais e a defesa dos nossos interesses nacionais. Estarei especialmente atento à celebração, no futuro, de compromissos que reduzam os poderes soberanos do nosso país. Não aceitarei que sejam assumidos sem uma ampla discussão pública e, se a relevância do que estiver em causa o exigir, sem a prévia realização de um referendo nacional“, diz.

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Mas qual é, para Sampaio da Nóvoa, o papel do Presidente da República? Para António Sampaio da Nóvoa, é alguém que “não deve agir nem contra nem a favor dos governos ou das oposições, e deve exercer as funções de moderação e de regulação para garantir a estabilidade, para estimular a convergência e a realização de compromissos em torno das grandes questões nacionais”. Quando se apresentou formalmente como candidato a Belém, no final de abril, e sem partidos a decretarem o apoio oficial à sua candidatura, já Nóvoa tinha feito da sua “capacidade de fazer pontes e entendimentos” uma bandeira a erguer repetidamente até ao dia das eleições.

Agora, procura vincar a promessa de isenção e garante de estabilidade. “Tenho um entendimento estável dos poderes presidenciais, não estou vinculado a nenhum compromisso político-partidário, respondo apenas perante as pessoas e a minha consciência. Em tudo, procurarei honrar a confiança em mim depositada, dando continuidade ao legado dos mandatos dos Presidentes Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio” – todos os ex-Presidentes à esquerda.

Sobre as questões económicas, o candidato à Presidência da República, que esta tarde vai ter o ex-PR Ramalho Eanes ao lado durante a apresentação do documento, “modernização”, “inovação”, “tecnologia” e “conhecimento” são as suas palavras de ordem. “Só conseguiremos construir um país à altura dos desafios globais do século XXI se conseguirmos vincular as novas gerações e aproveitar o seu dinamismo e a sua capacidade de renovação. É também por isso que não podemos aceitar a emigração da nossa juventude qualificada, da nossa ciência e do nosso conhecimento”, diz.